República Árabe Saharaui Democrática


O POVO QUE O MUNDO ESQUECEU


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Bem-vindos ao blog phoenixsaharaui.blogspot.com.br


A criação deste espaço democrático visa: divulgar a causa Saharaui, buscar o reconhecimento pelo Brasil da República Árabe Saharaui Democrática e pressionar a União Européia, especialmente a Espanha, a França e Portugal, mais os EUA, países diretamente beneficiados pela espoliação dos recursos naturais do povo Saharaui, para retirarem o apoio criminoso aos interesses de Mohammed VI, Rei do Marrocos, e com isto permitir que a ONU prossiga no já tardio processo de descolonização da Pátria Saharaui, última colônia na África.


Membro fundador da União Africana, a RASD é reconhecida por mais de 82 nações, sendo 27 latino-americanas.


Nas páginas que seguem, você encontrará notícias do front, artigos de opinião, relato de fatos históricos, biografias de homens do porte de Rosseau, Thoreau, Tolstoy, Emersom, Stuart Mill e outros que tiveram suas obras imortalizadas - enxergaram muito além do seu tempo - principalmente em defesa da Liberdade.


"Liberté, Égalité, Fraternité", a frase que embalou tantos sonhos em busca da Liberdade, é letra morta na terra mãe.


A valente e obstinada resistência do povo Saharaui, com certeza encontraria em Jean Molin - Herói da resistência francesa - um soldado pronto para lutar contra a opressão e, em busca da Liberdade, morrer por sua Pátria.


A Literatura, a Música, a Pintura e o Teatro Saharaui estarão presentes diariamente nestas páginas, pois retratam fielmente o dia-a-dia deste povo, que a despeito de todas as adversidades, em meio a luta, manteve vivas suas tradições.


Diante do exposto, rogamos que o nosso presidente se afaste da posição de neutralidade, mas que na verdade favorece os interesses das grandes potências, e, em respeito a autodeterminação dos povos estampada como preceito constitucional, reconheça, ainda em seu governo, a República Árabe Saharaui Democrática - RASD.


Este que vos fala não tem nenhum compromisso com o erro.


Se você constatar alguma imprecisão de datas, locais, fatos, nomes ou grafia, gentileza comunicar para imediata correção.


Contamos com você!


Marco Erlandi Orsi Sanches


Porto Alegre, Rio Grande do Sul/Brasil

sábado, 27 de abril de 2013

ONU AUTORIZA O EXTERMÍNIO DO POVO SAHARAUI

ONU AUTORIZA O EXTERMÍNIO DO POVO SAHARAUI!!!!

A CARTA DE INTENÇÕES DA ONU NÃO INCLUI OS SAHARAUIS


CONHEÇA A HISTÓRIA DO POVO QUE O MUNDO ESQUECEU E JULGUE VOCÊ MESMO




Declaração Universal dos Direitos Humanos


CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da familia humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

CONSIDERANDO que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade, e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade,

CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,

CONSIDERANDO ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,

CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos do homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a observância desses direitos e liberdades,

CONSIDERANDO que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembléia Geral das Nações Unidas proclama a presente "Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1

Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2

I) Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3

Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos estão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5

Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo 6

Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Artigo 7

Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8

Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10

Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11

I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa.

II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituiam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12

Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13

I) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

II) Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo 14

I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 15

I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade.

II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16

I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, tem o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17

I) Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18

Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observâcia, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19

Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.

Artigo 20

I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21

I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22

Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indipensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.

Artigo 23

I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24

Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25

I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e be
star, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à seguranca em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26

I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnic
rofissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo 27

I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios.

II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28

Todo o homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 29

I) Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo o homem estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer direitos e liberdades aqui estabelecidos.

Fonte: ONU

OS "AMIGOS" DO SAHARA OCIDENTAL, ESPANHA MAIS OS CINCO MEMBROS PERMANENTES DO CONSELHO DE INSEGURANÇA DA ONU - RÚSSIA, EUA, FRANÇA, CHINA E REINO UNIDO - REUNIRAM-SE ESTA SEMANA PARA NEGAR PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS DO  POVO SAHARAUI.

A MINURSO, ENCARREGADA DE FORNECER AJUDA HUMANITÁRIA E ASSEGURAR A REALIZAÇÃO DO REFERENDO (1992)???, FECHA OS OLHOS QUANDO SÃO VIOLADOS OS DIREITOS HUMANOS.

OMISSÃO É CRIME!!!!!!!


LEMBRO DE RUANDA, ONDE OS CAPACETES AZUIS CRUZARAM OS BRAÇOS DIANTE DO MASSACRE. 

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS OU CLUBE DE ASSASSINOS?

ONDE ESTÁ A IMPRENSA LIVRE?

ONDE ESTÃO AS INSTITUIÇÕES DE DIREITOS HUMANOS?

ONDE ESTÃO OS HOMENS DE BEM QUE LUTAM CONTRA AS INJUSTIÇAS?

A HORA É AGORA!!!!!

NÃO SEJA CÚMPLICE DO GENOCÍDIO DO POVO SAHARAUI!!!!!


VERGONHA,VERGÜENZA, HONTE, SHAME, ПОЗОР , 羞耻, VERGONHA, VERGÜENZA, HONTE, SHAME, ПОЗОР , 羞耻, VERGONHA    

OS AMIGOS DO REI

Com interesses econômicos e políticos, potências ocidentais ajudam a travar a independência saaraui

12/05/2011

Igor Ojeda e Tatiana Merlino

de Rabouni (Saara Ocidental)

e Madri (Espanha)


Até a Organização das Nações Unidas reconhece: o Saara Ocidental, ocupado pelo Marrocos há 35 anos, é a última colônia da África. Oficialmente, o país é considerado, pelo Comitê de Descolonização do organismo, um “território não autônomo” ainda por descolonizar.

No entanto, a atuação da ONU no conflito é duramente criticada pelos saarauis, que a acusam de indiretamente apoiar a monarquia marroquina.

Em 1975, no mesmo ano em que o exército do Marrocos invadiu o Saara Ocidental, o Tribunal Internacional de Justiça de Haia já havia negado a soberania do reino norte-africano sobre o território invadido. Mesmo assim, o suporte das potências ocidentais ao rei marroquino Mohamed VI e a omissão das Nações Unidas permanecem até hoje.

A guerra entre o Marrocos e a Frente Polisario – movimento independentista saaraui –, iniciada em 1975, durou até 1991, período em que vigorava a Guerra Fria. “Na ocasião, o Marrocos era um país satélite do Ocidente. Ali estavam as bases militares francesas e estadunidenses. Por outro lado, a Argélia, apoiadora da Frente Polisario, era vista como pró-soviética”, analisa Bucharaya Beyun, delegado saaraui para a Espanha.



Pesca

Com a queda do bloco soviético e o cessar-fogo mediado pela ONU, os interesses econômicos passaram ao primeiro plano. “A zona mais rica do Saara, a região costeira, está ocupada pelo Marrocos. A parte liberada é muito desértica”, explica Zahra Ramdán Ahmed, presidenta da Associação de Mulheres Saarauis na Espanha.

O Saara Ocidental, banhado pelo oceano Atlântico, possui uma das zonas de pesca mais ricas do planeta. São mais de 150 km² habitados por cerca de 200 espécies de peixes, 60 de moluscos e várias de cefalópodes e crustáceos.

Em fevereiro, a União Europeia (UE) e o Marrocos renovaram por mais um ano um acordo pesqueiro, vigente desde 2007, que garante à frota europeia 119 licenças de pesca – a maioria delas, na costa saaraui. Cem delas são somente para os pesqueiros espanhóis.

Desde que saiu do território saaraui e o entregou ao Marrocos, a Espanha, independentemente de quem esteja no governo, alinha-se ao Marrocos na questão do Saara Ocidental. “Na verdade, os espanhóis estão divididos. De um lado, um governo que sempre privilegia suas relações com o Marrocos, temendo que o país norte-africano tire deles Ceuta e Melilla [enclaves em solo marroquino]. E o povo espanhol se alinhou de uma forma majoritária com os saarauis”, conta Abdelkader Taleb Aomar, primeiro-ministro da República Árabe Saaraui Democrática (Rasd), o governo saaraui no exílio.



Fosfato

O território ocupado, além disso, é muito rico em fosfato, componente fundamental na fabricação de fertilizantes. Juntos, o Marrocos e o Saara Ocidental possuem 32% das reservas mundiais do minério. Responsável por aproximadamente 30% do mercado, a monarquia marroquina é o maior exportador de fosfato, fornecendo-o, principalmente, para Estados Unidos, Brasil, Espanha e França.

“O fosfato, hoje [fevereiro], está custando mais de 400 dólares por tonelada. O preço vem aumentando por causa do crescimento dos cultivos para biocombustíveis. Então, vende-se muito fosfato para esse cultivo no Brasil, na Malásia... e sabemos que grande parte desse fosfato é nossa. E há empresas desses países que compram fosfato do Marrocos”, esclarece Bucharaya.

Em março, o Wikileaks revelou o conteúdo de um telegrama da embaixada dos EUA no Marrocos que dizia que, durante uma visita ao país, em 2007, o presidente francês Nicolas Sarkozy firmou acordos de 3 bilhões de euros com a Companhia Nacional de Fosfatos Marroquina (OCP), a estatal do setor. Segundo a diplomacia estadunidense, em troca, a França deveria reforçar o seu apoio à monarquia no caso do Saara Ocidental.

Um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o país europeu regularmente exerce seu poder de veto para barrar qualquer resolução que contrarie o Marrocos.

Uma delas diz respeito à Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (Minurso), instalada no território ocupado em 1991 com o objetivo de organizar uma consulta sobre a independência do Saara Ocidental – um dos pontos previstos no acordo de cessar-fogo. Principalmente devido a obstáculos impostos pelo Marrocos – que insiste que os colonos marroquinos instalados no Saara Ocidental também votem – o referendo ainda não foi realizado. Para piorar, a Minurso não possui a competência de observar a garantia dos direitos humanos, que, segundo os saarauis e organizações internacionais como a Anistia Internacional, são constantemente violados pela monarquia. No Conselho de Segurança da ONU, o assunto recebe a oposição ferrenha da França.

“As Nações Unidas não fazem o referendo, não controlam os direitos humanos... Está no território ocupado há 20 anos e não vêm cumprindo sua missão. O referendo não acontece, os direitos humanos são violados constantemente e os recursos naturais são espoliados regularmente. Então, a ONU está se convertendo em um instrumento para legitimar a ocupação. É difícil que os saarauis continuem aceitando essa situação. Portanto, há um risco grandíssimo de um retorno às hostilidades”, alerta Bucharaya.



Imigração e terrorismo

Outras questões, como imigração, terrorismo e narcotráfico também são usados como pretextos para o apoio ocidental ao Marrocos. O reino marroquino é considerado um dos aliados estratégicos das grandes potências no combate a células da Al Qaeda no Magreb.

Além disso, o país, separado da Europa apenas pelo estreito de Gibraltar, cumpre um importante papel – sob o ponto de vista europeu – de contenção dos fluxos imigratórios de africanos para o Velho Mundo. Há cinco anos, a União Europeia concedeu 67 milhões de euros ao Marrocos, a serem aplicados em políticas anti-imigração.

“O argumento do Conselho de Segurança da ONU para não pressionar o Marrocos o suficiente é de que ele é um país estratégico para a segurança europeia, que não pode ser desestabilizado. Ou seja, como a monarquia pôs todo seu peso e energia na questão do Saara, se tirarem o Saara dela, se desestabilizaria”, explica o primeiro-ministro.

Bucharaya Beyun, no entanto, diz não compreender os motivos de as potências ocidentais, após a Guerra Fria, ainda apoiarem incondicionalmente os interesses marroquinos. “Em primeiro lugar, o Marrocos não é uma potência econômica. Já na Argélia há grandes reservas de petróleo e gás. Em segundo lugar, a Argélia, hoje, é um país pró-ocidente. É o país que mais faz esforço para combater o terrorismo na região. Portanto, só podem ser interesses pessoais ou partidários, mais do que de Estado”, opina.



Interesses brasileiros

Desde 1984, a Rasd é membro da União Africana, que a reconhece como o legítimo Estado do povo saaraui. No ano seguinte, em protesto contra tal decisão, o Marrocos deixou a organização. Além disso, ela é reconhecida, hoje, por 82 países, entre eles, África do Sul, México, Venezuela, Cuba e Irã. O Brasil é um dos poucos países latino-americanos que não estão na lista. “Dizem que, para se reconhecer um Estado, é preciso o cumprimento de três requisitos: um governo, um povo e um território. Nós temos os três”, diz o primeiro-ministro.

“Tínhamos muita esperança quando o presidente Lula subiu ao poder. Acreditávamos que seria o momento em que o Brasil iria reconhecer a Rasd, sobretudo porque a Frente Polisario tinha muitas relações com o PT. Infelizmente, parece que privilegiaram os interesses econômicos com o Marrocos”, lamenta Zahra.

Dos 532,4 milhões de dólares que o Brasil importou do país norte-africano em 2007, 451,7 milhões foram de fertilizantes. Há alguns anos, a Bunge, transnacional cuja divisão de fertilizantes é sediada em território brasileiro e que tem, como atual presidente, o ex-ministro da Casa Civil de Fernando Henrique Cardoso, Pedro Parente, possui uma joint-venture com a empresa estatal de fosfato marroquina, a OCP, para a produção de fertilizantes.


Fonte: wwww.brasildefato.com.br

A QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK EM 1929


A QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK EM 1929

A Primeira Guerra Mundial deixou a Europa economicamente arruinada e endividada. No período que ela durou (1914-1918), caíram impérios poderosos, como o czarista da Rússia, sucumbiram economias coloniais poderosas e surgiu uma nova potência econômica mundial, os Estados Unidos da América.
No período da guerra, a indústria de armas norte-americana alcançou grande prosperidade, vendendo seus produtos bélicos para os países europeus. No pós-guerra, os campos europeus estavam devastados, as indústrias em ruínas, os norte-americanos passaram a exportar alimentos e produtos industriais para aquele continente. A economia dos Estados Unidos cresceu vigorosamente, atingido uma grande produção entre 1918 e 1928. Era o período de prosperidade que entraria para a história com o sugestivo nome de “American Way of Life”, literalmente, modo de vida americano. O consumismo da classe média norte-americana era incentivado pela facilidade e expansão do crédito, levando a população, mergulhada no fascínio da ilusão consumista, ao endividamento. Grande parte dessa classe média investiu as suas posses na economia volátil da bolsa de valores.
Com o a recuperação da economia européia, a economia americana foi seriamente afetada. Nos campos a agricultura produzia demasiadamente, nas cidades as indústrias não tinham para quem vender. A oferta passou a ser maior do que a demanda, forçando a queda dos preços e a diminuição da produção; o desemprego atingiu todos os setores, o período de prosperidade findara, a retração da economia levou à queda das ações da bolsa de valores, levando-a ao colapso.
Mergulhada numa valorização excessiva e especulativa quanto ao valor real das suas ações, em 24 de outubro de 1929, a Bolsa de Valores de Nova York assistiu ao preço das ações cair vertiginosamente, levando à miséria aos milhares de investidores. O dia passou a ser chamado de “Quinta-Feira Negra” da economia. Desesperados, os investidores tentaram vender suas ações, que àquela altura já não tinham valor algum. Excesso de ações à venda e a falta de compradores levou, em 29 de outubro, conhecido por “Terça-Feira Negra” da economia, ao colapso e quebra da bolsa. Era o crash da Bolsa de Nova York, que levaria à ruína grandes fortunas, afetando toda a economia mundial. Durante três anos o valor das ações na bolsa flutuou, conduzindo os Estados Unidos à depressão econômica, que só terminaria na década seguinte, quando a Europa voltou a mergulhar na guerra. O outubro negro de 1929, que conduziu ao crash, pôs fim aos sonhos e ao consumo da mítica geração da era do jazz.

A Expansão da Economia Norte-Americana no Período Primeira Guerra Mundial

No fim do século XIX os Estados Unidos teve um significativo crescimento econômico, beneficiando-se dos resquícios da Revolução Industrial. Do outro lado do Atlântico, os conflitos coloniais começavam a aparecer, ameaçando a hegemonia econômica da Inglaterra e do restante da Europa. Ventos de prosperidade sopravam para o ocidente, mostrando que um novo império econômico começava a florir no mundo.
A partir de 1913, com a subida do democrata Thomas Woodrow Wilson à presidência dos Estados Unidos, o país entrou em uma nova era econômica, alcançando grande expansão industrial. Paralelamente, em 1914, conflitos e disputas territoriais levaram a Europa àquela que seria até então, a mais sangrenta das guerras, a Primeira Guerra Mundial. Enquanto a prosperidade econômica despontava no norte do continente americano, o continente europeu amargava com as conseqüências de uma longa guerra, que devastava os campos, mutilava e matava a população, levando-a à miséria e à fome.
Mantendo-se neutro no conflito, os Estados Unidos passou a investir na indústria bélica, fornecendo armas aos países aliados. Somente em 1917, quando a guerra já chegava ao fim, os norte-americanos entraram no conflito ao lado da Inglaterra. Em 1918 a Alemanha assinava a derrota, pondo fim à guerra.
Apesar de ter participado da última etapa da guerra, os americanos não sofreram diretamente as suas conseqüências, já que as batalhas foram travadas longe do seu território. No pós-guerra, os Estados Unidos firmou-se como a nova potência mundial. Expandiu o comércio com a América Latina e Ásia, antes dominado pela Inglaterra. Abriu a concessão de créditos e empréstimos à França e à Inglaterra, permitindo expansão da exportação de produtos agrícolas e industriais àqueles países. De 1918 a 1928, o país atingiria o auge econômico da chamada era de ouro da geração do jazz.

O Prólogo da Crise

Com o fim da grande guerra, o apogeu da prosperidade econômica sofreu uma estabilização. A indústria bélica foi a mais afetada, pois a produção de armas diminuiu em tempos de paz. Os soldados que retornaram do conflito não conseguiam ser inseridos no mercado de trabalho. Aos poucos, a Europa começou a recuperar-se das conseqüências da guerra. França e Inglaterra, principais devedores dos norte-americanos, passaram a saldar as suas dívidas, a partir de 1922. As exportações diminuíram para o continente europeu.
De 1924, até a crise de 1929, a economia norte-americana viveu a euforia do período que ficou conhecido como “Big Business”. Para garantir o recebimento da dívida da França e da Inglaterra, que em contrato viria do pagamento da Alemanha, nação condenada internacionalmente a pagar as reparações da guerra, os Estados Unidos investiu nas empresas germânicas, garantindo o recebimento dos seus débitos na Europa.
No período do “Big Business”, também a paisagem dos centros urbanos foi alterada substancialmente, com velhos edifícios sendo demolidos e dando passagem a grandes arranha-céus, símbolos absolutos da opulência que se vivia; as ruas encheram-se de automóveis, a evidenciar o crescimento das fábricas automobilísticas; e , nas casas, as famílias de classe média usufruíam-se de aparelhos eletrodomésticos, outra característica do desenvolvimento tecnológico que o país alcançara. Sem perceber as armadilhas de uma economia volátil, o governo estimulava o desenvolvimento econômico em vários setores, inibia as importações e incentivava o consumo, além da concentração de capitais.
A prosperidade conseguida durante a Primeira Guerra Mundial, foi substancialmente perdendo espaço à medida que a Europa recuperava-se economicamente. Grande parte dos produtos industriais norte-americanos exportados foi deixando de ter mercado. Produzia-se mais do que se vendia, tanto na agricultura quanto na indústria. O desemprego nos campos originou um êxodo da população para os centros urbanos, saturando o mercado.
Nos grandes centros urbanos, a economia estava cada vez mais voltada para o mercado especulativo. Com o crescimento e mecanização das indústrias e o lucro exorbitante que geravam, as suas ações passaram a ser cotadas além do que valiam, atingindo grandes preços, fazendo com que o número de investidores na bolsa aumentasse significativamente. No meio da euforia, surgiram as sociedades anônimas e as empresas responsáveis somente em gerir e investir dinheiro. Sem controle, a especulação do mercado camuflou o real valor das ações.
Com a diminuição das exportações agrícolas, os proprietários rurais deixaram de poder saldar a suas dívidas, tendo que pagar milhões para armazenar os grãos não vendidos. Do campo, a crise expandiu-se para as cidades e, conseqüentemente, atingiu as indústrias, que diante de uma produção maior do que a consumida, foi obrigada a demitir trabalhadores. O desemprego retraiu o consumo, e atingiu as instituições bancárias. Estava armado o cenário para o grande colapso econômico.

A Quinta-Feira Negra

Pouco antes da crise que seria deflagrada em outubro de 1929, a situação do mercado econômico já se mostrava alarmante. Desde junho daquele ano, que a produção industrial fabril e do aço estavam em queda, apesar de alguns empresários negarem o declínio. No dia 3 de setembro, o jornal “The New York Times” publicava que a Bolsa de Nova York atingira o ápice histórico de 452 pontos. O marco atraiu ainda mais novos investidores, que seduzidos pela valorização das ações, arriscaram todo o capital que tinham naquele aparente negócio seguro, sem que se apercebessem do engodo.
Mas a realidade dos Estados Unidos, em 1929, estava aquém da euforia do mercado. Num desencadear avassalador, o desemprego, o aumento dos estoques do que se produzia, impossibilitaram que os industriais tivessem capital para saldar as dívidas e continuassem a manter os seus negócios. Acossados, muitos empresários foram obrigados a vender as suas ações no mercado, elevando o seu valor para que pudessem obter maiores lucros. Ao deslumbrar aquela forma de lucro, milhares de investidores fizeram o mesmo, aumentando e pondo à venda as suas ações. O efeito surtiu na direção contrária, com a elevação no valor das ações, elas não encontraram compradores, passando a flutuar no mercado especulativo, atingindo um valor nulo. Sem compradores, as ações despencaram vertiginosamente as suas cotações, levando à falência de bancos e industrias.
No dia 24 de outubro de 1929, uma quinta-feira, o pregão da Bolsa de Nova York passaria para a história como o dia mais negro da história da economia moderna. Desde o início daquela semana que as vendas de ações no mercado tiveram um aumento significativo. Na quinta-feira, ao perceberem que poderiam estar arruinados, os investidores puseram à venda, logo pela manhã, 6.091.870 títulos, gerando um dos maiores volumes de negócios da história da bolsa. O excesso de volume de vendas fez com que os preços caíssem rapidamente. Diante da gravidade do momento, o desespero tomou conta dos investidores, que puseram as suas ações à venda a qualquer preço. Às 11h30, o pânico era geral. Uma multidão de pessoas aglomerava-se nos arredores de Wall Street e Broad Street, formando um imenso cordão de desesperados. Amanhã ainda não terminara, e já onze conhecidos especuladores de Wall Street, então arruinados, já se tinham suicidado. Ao meio dia as portas da Bolsa de Nova York foram cerradas, evitando que a multidão a invadisse.
Diante da catástrofe iminente, os maiores banqueiros americanos fizeram uma reunião de emergência. Entre eles estavam Albert H. Wiggin, do Chase National Bank; Thomas W. Lamont, do Morgan Bank; e, Charles E. Mitchell, do National Bank. Juntos, decidiram injetar milhões de dólares na Bolsa de Valor, dando um pequeno alívio à catástrofe. No fim do dia, 12.894.650 títulos foram negociados, um volume de vendas que atingira todos os recordes de Wall Street. Estava consumada a “Quinta-Feira Negra” da história da economia e, um dos maiores colapsos econômicos do mundo.

A Quebra da Bolsa de Nova York

Após as turbulências do dia 24, os dias que se sucederam, sexta-feira e sábado, 25 e 26 de outubro respectivamente, uma aparente tranqüilidade parecia ter voltado aos negócios da Bolsa de Valores. Empresas de mercado chegaram a anunciar na sexta-feira, que o mercado estava sólido e mais atrativo do que antes.
Na segunda-feira, 28 de outubro, obteve-se um valor menor de vendas, mas com quedas acentuadas de pontos, obrigando que os banqueiros fizessem uma outra reunião emergencial. Ao fim de duas horas, ficou decidido que não haveria nenhuma ação de resgate e injeção de mais dólares no mercado. Já não havia como controlar a situação. Era a “Segunda-Feira Negra”.
No dia seguinte, 29 de outubro de 1929, o colapso da Bolsa de Valores de Nova York foi concretizado. Logo pela manhã, um grande volume de papéis foi posto à venda sem que encontrasse compradores. Ações outrora bem cotadas, chegaram a ser vendidas a 1 dólar. Rumores de que os grandes magnatas da economia norte-americana estavam a vender as suas ações, causaram ainda mais pânico aos investidores. Naquele dia, o volume de vendas atingiu 16.410.030 de títulos, quantidade ainda maior do que o da “Quinta-Feira Negra”.
O dia 29 de outubro de 1929, entrou para a história como a “Terça-Feira Negra”. Quando chegou ao fim, deixara milhões de pessoas na miséria em todo o mundo. Muitos dos arruinados eram ricos empresários, ou herdeiros de famílias abastadas. A desolação criava uma cena trágica, especuladores caminhavam sem rumo pelas ruas de Nova York, totalmente falidos. Ocorreram suicídios dos falidos por todo o mundo, como o de um corretor que se atirou ao rio Hudson. Após o crashda bolsa, os preços das ações valiam 80% a menos. Continuariam a flutuar por mais três anos, perdendo gradativamente o seu valor.
Após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, os Estados Unidos entrou num período de recessão econômica conhecido como “Grande Depressão”, levando a população à fome e à miséria. A depressão econômica só seria encerrada uma década depois. Os Estados Unidos eram os maiores credores do mundo, com a quebra das suas indústrias, passou a exercer pressão para receber os seus pagamentos, levando a Europa e a América Latina a sentir a crise econômica. No Brasil, ela afetou diretamente a já capenga exportação do café, na época a principal economia do país.
Especulação, economia volátil e predadora, ambição, vários foram os fatores que levaram à quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. O mercado financeiro parece que não aprendeu com a catástrofe financeira. Outra ameaça aconteceria em 1987, quando um novocrash pairou sobre Wall Street.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

ONU - REFÉM DO PODER ECONÔMICO - NEGA PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS DO POVO SAHARAUI

ONU - REFÉM DO PODER ECONÔMICO - NEGA PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS DO POVO SAHARAUI



Quarta-feira, 24 de Abril de 2013


Rabat, Paris e Moscovo conseguem que EUA renunciem à sua iniciativa sobre o Sahara




Artigo de Ignacio Cembrero do «EL PAIS:


Os EUA — segundo fontes diplomáticas — tentaram na semana passada corrigir uma anomalia e pressionar Marrocos e a Frente Polisario para que ponham mais empenho na negociação hoje em dia estagnada.

A sua embaixadora na ONU, Susan Rice, apresentou ao Grupo de Amigos do Sahara —integrado por Espanha e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança — um projeto de resolução que ampliava o mandato da Minurso para que vigiasse os direitos humanos na antiga colónia espanhola e nas áreas sob autoridade da Polisario. A Minurso é a única missão de paz que carece de competências nesta matéria.

Sem chegar a ameaçar com o veto, França e Rússia esforçaram-se por diluir a iniciativa dos EUA. As reservas de Paris foram formuladas em público, sexta-feira-passada, por Philippe Lalliot, o porta-voz da sua diplomacia.

Sem criticar a iniciativa norte-americana o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel García-Margallo, barricou-se por detrás da posição franco-russa. Advogou o “consenso” e que a embaixadora apresentasse uma nova proposta. Fontes do seu gabinete deixaram cair a ideia de que seria bom que o Alto Comissariado para os Refugiados se ocupasse dos direitos humanos na zona ainda que isso não faça parte das suas atribuições.

Num debate realizado no dia 20 de junho no Congresso dos Deputados, García-Margallo havia-se, porém, mostrado partidário de atribuir à Minurso essa nova competência como também o havia feito anteriormente a sua antecessora socialista no cargo, Trinidad Jiménez.

A oposição franco-russa somou-se à animosidade das autoridades de Marrocos. O palácio real divulgou um comunicado rejeitando a iniciativa, porque é uma ofensa à sua "soberania", posição secundada pelos partidos políticos, instituições e ONGs de direitos humanos, à exceção da mais importante, a Associação Marroquina de Direitos Humanos.

Rabat demonstrou a sua encenada raiva cancelando as manobras militares com os EUA, que deviam começar no final deste mês. O seu ministro das Relações Exteriores, Saad Eddine El Othmani, atacou pela primeira vez na segunda-feira, no Parlamento, os EUA.

O projeto de resolução recebeu, no entanto, aplausos de prestigiosas ONG de direitos humanos como a Human Rights Watch (HRW) e aFundação Robert Kennedy que jogou um papel importante na sensibilização do secretário de Estado John Kerry. A União Africana também apoiou o projeto de resolução.

Face a tantas arremetidas Susan Rice deu um passo atrás no fim-de-semana. Propôs que não fosse a MINURSO mas o Alto Comissariado para os Direitos Humanos quem monitorasse o seu cumprimento na região, o que equivalia a que o trabalho fosse exercido com menos meios, mas os aliados de Marrocos não se deram por satisfeitos.


Susan Rice pôs ontem sobre a mesa um texto que conseguiu reunir o consenso. Salienta a necessidade de promover o respeito pelos direitos humanos, mas não fornece qualquer mecanismo para fazê-lo. Irá ser votado até ao final do mês.

"É dececionante que, com a recusa de Marrocos, os EUA deem um passo atrás", disse Eric Goldstein da HRW. "A linguagem aguada do novo projeto de resolução não está à altura do apelo feito pelo Secretário-Geral das Nações Unidas. Ban Ki-moon, no seu relatório sobre o Saara Ocidental sobre a necessidade de uma monitorização dos direitos humanos independente, imparcial, abrangente e sistemática".

El Pais 23-04-2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

CONHECE-TE A TI MESMO

CONHECE-TE A TI MESMO...



Da praia da Guarita para o sul me afastei, 
do meu Eu me aproximei. 

Solito caminhei,
vasto território, intocado por mim, adentrei.

Por instantes contemplo a imensidão do mar, 
o balanço sincronizado das ondas e o sol dourado, que nas águas revoltas rebate prateado ofuscando meus olhos fascinados. 

Montanhas imponentes, 
vegetação rasteira verde brasil, 
céu anil, 
aves sem medo e pescadores sonolentos,
anunciam o novo dia, 
emolduram e completam o cenário paradisíaco. 

O ciclo da natureza, 
perfeito e belo, 
revela a presença do Criador. 

Procuro resposta nas pegadas, vejo duas: 
Estarei sendo carregado no colo?

Nesses dias de imersão no espírito Orei,
Amei, 
Sonhei,
Pensei.

Mensageiros, amada à frente, exaltam com fervor o Cristo Rei.
Hesitei,
Balancei,
Chorei.

Maravilhosos dias passei, 
AMIGOS ganhei, 
ESPOSA honrei.

Razão, 
Fé, 
abençoado conflito, 
vivenciei.

O Império da Razão resultou no niilismo, 
mostrou-se permissivo ao dispor da vida humana,
tornou-a descartável. 

O da Fé exacerbada, 
em segregação e morte.

Diante da validade social do preceito de Cristo no Sermão da Montanha: "Não resistais ao mal" (Mt 5,39), 
segundo Tolstói, 
A verdadeira cristandade ainda não foi experimentada na sua plenitude pela sociedade, pois é incompreendida na sua essência. 

Assim, 
Não respondais à violência com a violência. 

Caprichosamente, 
exsurgem as inquietações... 

"Só (crates) sei que nada sei."

Certeza? 

Logo, logo, 
ali, ali, 
pó, 
serei.

Desafio?


SENHOR!!!

Que eu me torne digno de Vossa presença!

Conselho de Segurança analisa questão do Saara Ocidental

22 DE ABRIL DE 2013 - 13H28 

Conselho de Segurança analisa questão do Saara Ocidental



O Conselho de Segurança discutirá hoje em privado sobre a questão do Saara Ocidental, ocupado por Marrocos desde 1976, em momentos em que o problema adquire uma nova dinâmica adversa para Rabat.


O órgão de 15 membros tem sobre a mesa um relatório do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que fez questão da necessidade de uma vigilância de carácter independente sobre os problemas de direitos humanos nesse território.

A iniciativa propõe a criação de um mecanismo com esse objetivo dentro da Minurso (Missão da ONU para a Autodeterminação do Saara Ocidental).

Depois de vários meses de debate internacional, essa ideia, aceita pela Frente Polisario, que luta pela autodeterminação, e recusada com energia por Rabat, recebeu recentemente o respaldo do governo dos Estados Unidos.

Outro aspecto do relatório do titular da ONU adverte sobre a importância de avançar para uma solução da questão do Saara Ocidental ante o aumento da instabilidade e a insegurança no Sahel e as zonas próximas.

A persistência do conflito é um obstáculo para uma maior integração no Magreb e tem chegado o momento para que as partes (Polisario e Marrocos) avancem para uma solução, apontou Ban Ki-moon em sua nota ao Conselho de Segurança.

Os gerenciamentos da ONU aumentaram nos meses recentes com visitas à região do chefe das operações de manutenção da paz, Hervé Ladsous, e do relator especial sobre a Tortura e Outros Tratos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, Juan Méndez.

Assim, o enviado especial da ONU para o Saara Ocidental, Christopher Ross, viajou em novembro e março a Marrocos e o território saharaui, bem como a Argélia e Mauritânia, países vizinhos envolvidos no processo de negociações.

Para o secretário geral da ONU, a Minurso "é garante da estabilidade do alto o fogo e prova visível da vontade da comunidade internacional de resolver o conflito".

Por essa razão, em seu relatório solicita ao Conselho de Segurança que prorrogue por um ano mais o mandato dessa força "com um aumento modesto da dotação autorizada em 15 observadores militares e seis agentes de polícia da ONU".

A Minurso foi criada em 1991 e agora está integrada por uns 230 efetivos procedentes de trinta países, entre eles Argentina, Brasil, El Salvador, Honduras, Paraguai, Peru, e Uruguai, por América Latina.

A ONU auspiciou um processo de negociações que teve uma fase oficial inicial interrompida em 2008 e que foi seguida de nove rodadas de contatos informais, paralisados também desde março do ano passado.

O Saara Ocidental é um dos 16 chamados territórios não autônomos a cargo do comitê especial de descolonização de Nações Unidas.

Os outros são Ilhas Malvinas, Anguila, Bermuda, Ilhas Caimã, Turcas e Caicos e Virgens Britânicas, Monserrat, Santa Elena, Gibraltar e Pitcairn, todos baixo controle do Reino Unido.

Igualmente Ilhas Virgens norte-americanas, Guam e Samoa Americana (as três dos Estados Unidos), Nova Caledônia (França) e Tokelau (Nova Zelândia).

Fonte: Prensa Latina

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Bardem insiste en la "injusta" situación saharaui


Bardem insiste en la "injusta" situación saharaui


La presidenta del Centro Robert F. Kennedy para la Justicia y los Derechos Humanos, Kerry Kennedy, y el actor Javier Bardem han instado este jueves a apoyar la revisión de los Derechos Humanos en el Sáhara occidental, iniciativa propuesta por Estados Unidos, y que será votada en las Naciones Unidas la próxima semana

.

"Necesitamos que pidáis al Gobierno de España que trabaje en el mecanismo de comprobación de los derechos Humanos en el Sahara", ha solicitado Kerry, séptima de los once hijos que tuvo el senador Robert F. Kennedy, asesinado en Los Ángeles en 1968.

Ha explicado que su organización lleva seis años trabajando en "la injusta" situación del Sahara occidental, lugar al que viajó el pasado verano y donde escuchó "historias horrendas de gente que es detenida, torturada o está desaparecida" por ejercer su derecho de libre expresión.

"Es un lugar bajo ocupación militar, en todas las esquinas hay policías", ha asegurado Kennedy, que ha relatado que un policía quitó la cámara a su hija de 17 años y le dio un golpe en un ojo mientras grababa cómo varios agentes estaban pegando a una mujer en la calle.

"Me impresionó terriblemente" porque "cuando llevamos las fotos a representantes del reino de Marruecos nos dijeron que las imágenes podían mentir", ha contado Kerry, que ha subrayado que le encanta ese país y que su intención "no es atacarlo".

Pero ese suceso demuestra "la imposibilidad de encontrar justicia en ese lugar, no podemos estar indiferentes", ha reflexionado.

Javier Bardem, autor del documental sobre el Sahara "Hijos de las nubes", ha dicho: "Estoy aquí para rendir pleitesía y agradecimiento a Kerry por todo su trabajo".

El actor ha llegado a acudir junto a la asociación de Kerry y la activista Aminatou Haidar a las Naciones Unidas para intentar que la misión de las Naciones Unidas para el referéndum en el Sahara occidental (Minurso) vigile la cuestión de los derechos Humanos, ha reconocido.

"Son muchos años de sufrimiento" y España no debe "cerrar los ojos" ni seguir "siendo amigo y cenar en la misma mesa que el rey, una persona que está promoviendo la tortura y la prisión a cientos de miles de personas", ha dicho Bardem, que ha manifestado que Marruecos tiene como aliados a EEUU, Francia y España.

A la vez de acudir a Madrid para presentar su centro y denunciar injusticias como las que se cometen en el Sahara occidental y también, por ejemplo, en Uganda, donde se castiga con la muerte a los homosexuales, Kennedy ha lanzado en nuestro país su programa educativo "Speak Truth to Power" (STTP) o "Contar la verdad al poder".

Presente en institutos de Secundaria de Estados Unidos, Singapur, Suráfrica, Suecia o Italia, próximamente estará en España y, con ese fin, esta mañana ha mantenido una reunión con el ministro de Educación, José Ignacio Wert.

Está previsto introducir el programa el próximo curso a través de un convenio con ese Ministerio y las consejerías de Educación autonómicas y, de momento, ha firmado comenzar su implantación en Baleares el próximo septiembre, según Kennedy.

Este proyecto tiene como objetivo impulsar la justicia y los Derechos Humanos entre docentes y estudiantes, está basado en casos concretos y como material didáctico tiene entrevistas a reconocidos activistas y defensores de estas causas.

Kennedy ha puesto como ejemplo de las metas que se consiguen con el programa la ayuda que se han prestado unos a otros los ciudadanos de Boston tras las bombas del pasado domingo; "los que sufrieron en vez de escaparse corrieron a ayudarse, este es el mensaje del programa, que los chicos sepan cómo ayudar y no escaparse" del drama, ha destacado.

Al acto, celebrado en el Centro Universitario San Pablo CEU y presentado por el diplomático José Luis Dicenta, ha asistido también la actriz Natalia Dicenta, llevando sobre sus hombros un pañuelo "melfa", y ha resaltado a Efe su implicación por la causa del Sahara, especialmente, por "la generosidad, inteligencia y resistencia pacífica" de ese pueblo que lucha por su libertad desde hace 37 años.

Dicenta ha puesto final al evento cantando a capella la canción "Feeling Good", cuya letra, según ha comentado, "dignifica la libertad".

HISTÓRIA

POVO SAHARAUI



1. ANTES DA DESCOLONIZAÇÃO

A história do Sahara Ocidental até ao início da colonização espanhola, que ocorreu no fim do século passado, não pode ser separada da história da zona ocidental da África do norte. Situado na fronteira entre o Magreb e a África Negra, o Sahara Ocidental tornou-se o ponto estratégico para as trocas entre essas duas regiões. Ao mesmo tempo, pela sua posição geográfica, no extremo da expansão árabe e no limite das grandes estradas saharianas, o Sahara Ocidental conseguiu conservar uma certa originalidade, apesar de ter participado nos grandes movimentos históricos do conjunto magrebino.

Seria em vão, no entanto, procurar na sua história a integridade territorial de uma nação no sentido moderno da palavra. Devido à natureza social das comunidades nómadas e a uma história marcada pelas correntes migratórias, a entidade territorial deste país, como a de outros países africanos, não foi definida de uma maneira rígida senão pelo império colonialista. Também seria em vão procurar nesta região a origem de um direito histórico de um qualquer dos países vizinhos.
Pelo contrário, em particular a partir do século XIV, uma nítida distinção política separa este região do resto da zona ocidental da África do Norte. Para todos os efeitos, o que faz com que hoje o Sahara Ocidental seja uma " nação " , como no caso de muitos outros países, africanos ou não, não é a referência às fronteiras do passado pré-colonial mas em primeiro lugar, e sobretudo, a vontade deste povo conquistar a liberdade.

Nos tempos pré-históricos o imenso deserto do actual Sahara era uma região relativamente favorecida por um clima húmido, povoada por negróides aos quais se misturavam populações berberes vindas da costa mediterrânica através do Magreb.

A transformação do Sahara em região seca a partir do terceiro milénio antes de J.C. provoca a ruptura entre as populações negras e as berberes. As primeiras, sedentárias, instalam-se no Sul do Sahara, enquanto as segundas, nómadas, ficam no Norte, assegurando assim uma ligação entre o Mediterrâneo e a África Negra. Esta ligação é bem posta em evidência pela estrada das caravanas (traçada de acordo com as gravuras rupestres) que, desde o sul de Orão e o sul de Marrocos, chegava ao anel do Níger passando pelo Rio de Ouro e pela Mauritânia.

Por alturas do ltimo milénio antes de J.C., os fenícios, estendendo-se até ao norte da costa atlântica de Marrocos, controlam o tráfego do ouro que vinha do Senegal pela estrada do litoral atlântico. No século V antes de J.C. um viajante fenício teria atingido o cabo Juby e mesmo o Golfo da Guiné. A chegada dos Romanos no século III antes de J.C. não afecta muito a vida das populações berberes da região ocidental do Sahara. No começo da era cristã, a introdução do dromedário permite retomar progressivamente os contactos com a África Negra, praticamente interrompidos depois da desertificação.

Decisiva para toda a África do Norte, a invasão árabe opera-se por expedições sucessivas a partir de 640 depois de J.C.. O Magreb é alcançado em 647 por Okba ben Nafi, que teria mesmo chegado à costa atlântica por volta de 683. Apesar das resistências berberes à invasão militar, a islamização realiza-se bastante rapidamente. No século VIII toda a região regista um notável desenvolvimento devido à impulsão dada pela presença árabe ao comércio do ouro entre a cidade de Sijilmassa (na região de Tafilalet, no sul de Marrocos) e a de Aoudaghost (na região de Aouker, no sul mauritano).

A parte meridional (sul da Mauritânia e Mali ocidental) viveu sob a influência do reino negro do Ghana; depois, no XI século, a região vê nascer o movimento almorávida. O chefe berbere do Atar, Yahia Ibn Ibrahim, depois de uma peregrinação a Meca, toma a iniciativa de chamar o sábio marroquino Ibn Yasin a fim de pregar o Corão às populações da região. Os discípulos de Ibn Yasin reagrupam-se numa ilha perto da costa mauritana num convento fortificado (ribat, de onde o nome de Al Moabitum, isto é, os de ribat). Eles encontram-se na origem da expansão Almorávida que se estenderá, até ao meio do século XII, da Espanha ao Senegal e da costa atlântica até à Argélia Central.

Surge então a vez dos Almohadas, oriundos de Marrocos, unificarem o Magreb, do golfo de Gabes ao Atlântico, entre o século XII e o XIII. Depois da queda da dinastia Almohada, mais nenhuma dinastia conseguirá unificar o Magreb. A partir do século XIII, os Maqil, nómadas vindos do Oriente árabe, invadem o Sul. No norte, Marrocos define-se aproximadamente nos limites actuais a partir do século XIV. Repelidos para sul do Ued Draa pelo sultão marroquino da dinastia merinida cerca de 1270, os Maqil ocupam progressivamente, entre o século XV e o XVII, o território que se estende desde o Ued Draa à actual Mauritânia. Entram em miscigenação com os berberes, também eles nómadas. É desta união que nasce a actual população do Sahara ocidental.

Torna-se difícil seguir a história subsequente desta parte da região sahariana. Pode dizer-se que a área que coincide com os limites actuais do Sahara Ocidental se manteve afastada dos conjuntos territoriais já constituídos: o império negro de Sonhay no séculos XVI, que ia das salinas de Therraza (extremo da Mauritânia) até ao rio Níger, sem no entanto se aproximar da costa atlântica; e o reino da dinastia Alauita de Marrocos (ainda hoje detentora do poder) que não ultrapassará, quanto aos seus limites meridionais, o Ued Draa.

2. A COLONIZAÇÃO EUROPEIA

As ilhas Canárias constituem a primeira etapa da expansão europeia em direcção à África, já que a penetração directa pela costa mediterrânica era bloqueada pela presença dos estados árabes com os quais a Europa mantinha relações comerciais. Foi por isso que a descoberta das ilhas Canárias, em 1309, suscitou numerosas expedições: portuguesas, catalãs, espanholas, normandas. A partir do século XV a sua soberania foi disputada entre Portugal e Espanha até que esta se assenhoreou definitivamente do controle do arquipélago.

Em 1415, os portugueses estabelecem-se em Ceuta, a primeira base europeia em terra africana. A exploração da costa atlântica da África inicia-se em 1418. Entre 1433 e 1434, o português Gil Eanes segue pela primeira vez ao longo da costa do actual Sahara Ocidental e ultrapassa o Cabo Bojador, lugar mítico a que o imaginário popular associava a terríveis monstros marinhos ou mesmo o fim do mundo. Algum tempo depois Portugal instala o primeiro entreposto comercial na região, na ilha de Arguin, um pouco ao sul do cabo Branco e depois atinge a embocadura do rio Senegal.

No fim do século XV a Espanha obtém, graças à mediação do Papa, o controle da ilhas Canárias e da costa africana , do cabo Bojador até às cercanias da actual Agadir, enquanto Portugal ganha o controle da costa ao sul do cabo Bojador. A ocupação espanhola limita-se ao litoral; apesar da sua presença militar, até meados do século XIX ela não empreende nenhuma acção colonizadora no interior do território. Só no fim do século XIX se activa a presença da Espanha na corrida encetada entre as potências europeias para a colonização da África.

Em 1884, na sequência das expedições empreendidas por Emilio Bonelli, a Espanha declarou sob sua protecção a região do Rio de Oro, a qual, após os acordos concluídos com os chefes das tribos locais, abrangia a área desde o cabo Bojador ao cabo Branco. No ano seguinte, durante a Conferência de Berlim em que a partilha da África foi ratificada, a Espanha vê reconhecidos os seus " direitos " aos territórios do Sahara. Desde 1886 começam as primeiras negociações entre a Espanha e a França com o objectivo de demarcar as respectivas zonas de influência na África Ocidental. Elas conduziram a três acordos sucessivos :

O tratado de Paris, assinado em 27 de Junho, fixa as fronteiras meridionais e orientais do Rio de Oro.
A convenção de Paris de 3 de Outubro de 1904, estabelece a fronteira setentrional englobando o Saguia El Hamra e a zona de Tarfaya até ao Ued Draa.
A convenção de Madrid de 27 de Novembro de 1912, confirma estas fronteiras e delimita as do enclave de Ifni.
O Sahara dito espanhol inclui assim o Rio de Oro, o Saguia El Hamra e a zona de Tarfaya e torna-se um protectorado sob a designação de Marrocos meridional espanhol. Será no entanto preciso esperar até 1930 para ver a Espanha ocupar efectivamente todas estas regiões.


3. A RESISTÊNCIA Á OCUPAÇÃO ESPANHOLA E FRANCESA



A ocupação progressiva da África ocidental provoca a reacção das populações locais. A presença espanhola, limitada às zonas costeiras, favorece a liberdade de acção e a luta das diversas tribos saharauis que ameaça a consolidação das potências coloniais francesa e espanhola.

Um dirigente religioso, Cheikh Ma El Ainin, originário da Mauritânia, desloca-se para Saguia El Hamra para aí fomentar a reacção à ocupação colonial, tanto no norte como no sul do Sahara. Na primeira fase recebe o apoio do sultão de Marrocos mas, assim que este toma definitivamente o caminho da colaboração com a França, não hesita em desencadear a "guerra santa" contra o monarca marroquino. Foi preciso a intervenção do exército francês para deter, em 23 de Junho 1910, o avanço dos patriotas. O Cheikh morre alguns meses mais tarde, em Outubro desse mesmo ano, mas o seu combate foi prosseguido pelo seu filho El Hiba, que entra em Marrakech em 1912.

Invocando o "direito de perseguição", a França reage violentamente atacando os resistentes saharauis para além do território que ocupadava. Assim, a cidade de Smara é completamente destruída, incluindo a célebre biblioteca que continha cerca de 5.000 manuscritos.

Em 30 de Março do mesmo ano, a França declara Marrocos seu protectorado. De 1924 a 1932, os saharauis conduzem uma verdadeira luta de guerrilha, utilizando a tradicional táctica das razzias em longos deslocamentos, facilitados pela ligeireza do equipamento, a mobilidade dos dromedários e o conhecimento do terreno.

Desencadeiam ataques inesperados contra os postos militares no deserto e mesmo em Nouadhibou, em solo mauritano. Depois da pesada derrota de Moutounsi, em 18 de Agosto de 1932, em que um "grupo nómada" francês é aniquilado, a França realiza operações de grande envergadura para pacificar a região. A repressão é implacável. Entre as vítimas conta-se Ahmed Ould Aida, o emir de Adrar, região montanhosa da Mauritânia, na extremidade meridional do Sahara, que é morto em Março de 1932 pelas autoridades francesas por causa da sua colaboração com os "rebeldes".

Muita activa na região, a França torna-se o alvo principal dos ataques saharauis. Ela insta a Espanha a colaborar na pacificação do território de que detém a soberania. Por isso a Espanha, até 1934, implantada somente na costa, alarga o seu domínio até ao interior do país.


4. AS REIVINDICAÇÕES ESTRANGEIRAS



O fim dos anos 50 comporta uma viragem na história da região, viragem que radica na maturação dos movimentos de independência africanos e árabes. A Espanha, que está a estruturar a sua presença, em particular através do início da exploração económica, encontra-se assim confrontada com um duplo problema: o recomeço da luta do povo saharaui e as reivindicações estrangeiras.

No dia 2 de Março de 1956 Marrocos acede à independência. Sob o impulso do partido Istiqlal, - que elaborara um ano antes uma carta do "Grande Marrocos", entidade que se estenderia do Mediterrâneo ao rio Senegal, englobando uma parte da Argélia, - Marrocos reclama, pela primeira vez oficialmente, a posse dos territórios sob ocupação espanhola e francesa. Continuando o combate travado no seio do Exército de Libertação Marroquino, os Saharauis efectuam uma série de ataques, inclusive na Mauritânia. O prosseguimento da luta armada que visa libertar a região coloca a Espanha em dificuldades. Marrocos retira então o seu apoio à luta mas, mesmo assim, foi preciso uma operação combinada dos exércitos franceses e espanhóis para restabelecer a ordem no Sahara: trata-se da operação "Escovilhão" executada em Fevereiro de 1958.

Um decreto espanhol de 10 de Janeiro desse mesmo ano cria duas províncias separadas: Ifni e o Sahara Ocidental. A zona de Tarfaya é "restituída" a Marrocos. Administrado como uma província metropolitana, o Sahara está representado nas Cortes - o parlamento espanhol - por três deputados. O poder é atribuído a um governador geral dependente do presidente do governo, isto é, o general Franco.

Eleições preparadas sobre uma base bastante amputada e corporativa, designam os conselhos provinciais.
Em 28 de Novembro de 1958, a decisão tomada pela França de criar a República Islâmica da Mauritânia reanima as ambições marroquinas. A proclamação de independência em 28 de Novembro de 1960 desencadeia uma longa querela entre Marrocos e a Mauritânia, a qual, por seu turno, reivindica direitos sobre o Sahara.

As ambições marroquinas não poupam a Argélia empenhada na sua luta de libertação. Após a independência o governo argelino é imediatamente confrontado com este problema e a intransigência marroquina conduz a um confronto armado em Outubro de 1963.

As reivindicações marroquinas mantêm a tensão até 1970. Depois de resoluções bilaterais, primeiro com a Argélia e mais tarde com a Mauritânia, o encontro de Nouadhibou, a 14 de Setembro, permite chegar a vários acordos entre os quais figura a questão do Sahara. Todos reconhecem o princípio da auto-determinação com base na resolução da Assembleia Geral da ONU, de 16 de Dezembro de 1965. Marrocos parece pois abandonar as suas pretensões. Um acordo com a Espanha permitira-lhe obter o enclave de Ifni em 1969. Em troca, a Espanha conserva Ceuta, Melilha e as ilhas Jafarinas.

Entretanto, a questão do Sahara é apresentada nas instâncias internacionais, e em especial nas Nações Unidas. A Espanha prepara a exploração das minas de fosfatos de Bu Craa. Em 16 de Outubro de 1964, o comité de descolonização da ONU adopta uma resolução em que solicita à Espanha que aplique a Ifni e ao Sahara Ocidental a resolução de 14 de Dezembro de 1960 que outorga a independência aos países sob domínio colonial. Mas não é feita nenhuma menção às reivindicações de Marrocos e da Mauritânia, o que liberta Madrid da obrigação de tratar da questão com estes países.

No ano seguinte, a 16 de Dezembro, a Assembleia Geral adopta uma resolução que pede à Espanha que tome medidas com vista à descolonização dos dois territórios.

A 20 de Dezembro de 1966, a Assembleia Geral da ONU aprova uma nova resolução convidando a Espanha a organizar um referendo, sob o controle das Nações Unidas, de maneira a permitir à população autóctone exprimir-se livremente e prevendo o regresso dos exilados.

Nesse mesmo ano a Argélia é chamada a discutir a questão perante o comité de descolonização da ONU na qualidade de parte interessada. Ela sublinha que não formula reivindicações territoriais mas que se preocupa unicamente com a descolonização de um país limítrofe que é objecto, como aliás uma parte do seu próprio território, da cobiça de um outro país vizinho.

5. O MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL



A guerra de 1957-58 contra a presença colonial espanhola foi uma autêntica manifestação do nacionalismo saharaui, apesar da então escassa implantação política do movimento no plano interno, da proeminência da vertente religiosa (jihad) sobre a política (independência) e das manipulações sub-reptícias do nascente expansionismo marroquino que desabrochava no pós-protectorado.

Um elemento de peso confirma esta análise: a cumplicidade entre a Espanha, a França e Marrocos para asfixiar o movimento saharaui através da "operação Furacão", no decurso da qual 200 aviões franceses e espanhóis e as forças dos exércitos dos três países se uniram para desencadear uma ofensiva a partir das costas saharauis assim como das da Mauritânia, da Argélia e de Marrocos. Esta cumplicidade fica bem ilustrada pela contra-partida consumada pela Espanha ao ceder em 1958 a Marrocos a província saharaui de Tarfaya (cidades: Tarfaya e Tantan).

Após esta guerra perdida, o povo saharaui foi de novo alvo de uma política de exterminação e de perseguição, o que confirma que a sua consciência nacional e política não cessou de se solidificar.
De facto, apesar da intensa vigilância colonial no Sahara e da sistemática repressão em Marrocos, o começo dos anos sessenta assinala uma reorganização das forças vivas nacionalistas nas cidades, nos centros operários e no seio dos refugiados vivendo nos países vizinhos.

Este processo será materializado pela criação de uma organização política independentista (e clandestina) cuja tarefa é a de reunir e canalizar as forças e as aspirações populares. O Movimento de Libertação do Sahara ( MLS ) crescerá no interior e alargará a sua acção a toda a colónia. Sem recorrer a operações armadas, a actividade da nova organização começa a manifestar-se através de greves dos trabalhadores, de actos de rejeição da administração colonial e dos seus representantes (como representava na época a Assembleia Geral do Sahara, a "Djemaa"), de reivindicações estudantis de carácter puramente político, nomeadamente o ensino da língua árabe e da história nacional saharaui, a construção de escolas, de colégios e de estabelecimentos para jovens, etc. Vivendo na clandestinidade, o movimento começa a ser acossado pelo aparelho policial espanhol; em 1969, o recolher obrigatório é decretado em todo o território, seguido de numerosas detenções e expulsões. No mesmo ano a ONU pede à Espanha que aplique a resolução 1514 sobre a descolonização do território.

Face a esta situação, o governo colonial monta uma operação de carácter propagandístico no dia 17 de Junho de 1970, em Ayoun, convocando uma manifestação saharaui para alardear a "adesão à Mãe Pátria". A manobra é denunciada pelo MLS que aproveita a ocasião para demonstrar claramente como o povo saharaui rejeitava o colonialismo, apresentando um documento em que pede à Espanha para conceder a independência ao território o mais cedo possível.

A manifestação em El Ayoun, em que tomam parte milhares de pessoas, é reeditada em Smara e Dakhla. Surpreendido, um general espanhol ordenou às forças da polícia e da Legião (El Tercio) que varressem a multidão; a consequência é um terrível massacre seguido de perseguições e da detenção de centenas de militantes.

Este acontecimento constitui um marco na evolução do Movimento de Libertação Nacional Saharaui (MLNS) na medida em que não somente desmascara o carácter colonialista do " paternalismo franquista " e do "provincialismo", como atrai a atenção dos países da região, da Ãfrica e do mundo sobre a existência e sobre a luta do povo saharaui pela sua liberdade. Mas o facto mais importante é a experiência de luta que o 17 de Junho traz ao MLNS contra o domínio estrangeiro, acelerando a tomada de consciência dos meios saharauis marginalizados sobre o efeito do colonialismo e também sobre a política de absorção ensaiada no seio dos exilados por Marrocos e Mauritânia. Reorganizado em condições particularmente difíceis ao longo dos anos de 1971 e 1972, o Movimento transforma-se numa organização armada ostentando o nome de Frente popular para a Libertação de Saguia el Hamra e Rio de Oro ( FRENTE POLISARIO ) depois do congresso da sua fundação, que tem lugar no dia 10 de Maio de 1973.

A luta armada é desencadeada a 20 de Maio, simultaneamente com uma acção política de grande envergadura com o objectivo de mobilizar o povo a favor da independência nacional, explicar no foro internacional a situação da colónia e solicitar apoio moral e material para a sua causa.

A Frente POLISARIO dirige a sua acção contra o conjunto dos pilares do colonialismo (exército, administração, diplomacia e alianças regionais). Depois de vários anos de intensa actividade em todas estas frentes, em particular na militar, que levou as tropas espanholas a ter que abandonar numerosos postos do interior, o movimento obriga a Espanha a reconhecer o direito à auto-determinação e à independência. A Espanha renuncia à política neo-colonial que propunha orquestrar através da concessão da "independência" ao " PUNS ", partido fantoche criado à última hora pelos serviços secretos espanhóis com essa finalidade. Mas o PUNS não conseguiu o apoio popular que na sua totalidade se inclina para a Frente POLISARIO.

Não foi por acaso que, durante os anos de maturação da consciência nacionalista, surgiu uma multidão de partidos que se pavoneava com aparato na cena internacional. Esses pretensos movimentos, apoiados e caucionados sob várias formas pelos governos espanhol e marroquino, contribuíram para difundir na opinião pública uma falsa imagem da situação no Sahara Ocidental.

O primeiro a aparecer em cena foi o MOREHOB, o Movimento Revolucionário dos Homens Azuis, que desponta em Marrocos no ano de 1972, proclamando a sua intenção de libertar o Sahara e os presídios espanhóis de Ceuta e Melilha. O seu presidente, Eduardo Moha, desembarca em Argel no princípio de 1973. Ali reside algum tempo sem que a Argélia lhe atribuísse um apoio especial. Em breve Moha desaparece de Argel para circular em países europeus e árabes. Depois volta a Rabat para aí defender as teses marroquinas. Até que se revela a sua verdadeira identidade: Bachir Figugi, agente de Marrocos. De resto, o pseudónimo foi mal escolhido. Apesar da alusão aos Homens Azuis, o nome de Moha não tem nada de saharaui, para jánão falar do nome cristão de Eduardo. Em 1975, ouve-se falar do P.U.N.S., Partido da União Nacional Saharaui, lançado por Madrid na Europa e nos países árabes. No Sahara, ele reúne algumas personalidades, membros da Djemaa e deputados saharauis mas, como o provaram os acontecimentos posteriores, a adesão de muitos deles inspirou-se no mero oportunismo. De qualquer modo, este movimento manteve-se isolado do conjunto da população.

Chegou, por fim, a vez do F.L.U., Frente da Libertação e da Unidade, constituído por militares marroquinos. Em Rabat e Nouakchott nascem e desvanecem-se outras siglas de vida efémera.

6. O RETOMAR DAS REIVINDICAÇÕES MARROQUINO-MAURITANAS



Em 1974, a situação altera-se profundamente. No plano internacional, a posição da Espanha é difícil. Em Marrocos, o rei Hassan II vê-se obrigado a fazer face a dificuldades internas e os partidos políticos não deixam, sempre que podem, de o confrontar com «a questão do Sahara». Os dois países têm, no entanto, que constatar o reforço da Polisario que, sem barulho, a não ser o das armas, reforça a sua implantação no território e entre o coração da população saharaui. A espera deixa então de ser uma táctica eficaz. As tomadas de posição sucedem-se.

A 12 de Julho de 1974, escassos meses após o eclodir da «Revolução dos Cravos» no vizinho Portugal (25 de Abril) - que levou ao derrube da ditadura e abriu caminho ao fim da guerra colonial em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau - o governo espanhol toma a decisão de pôr em aplicação um projecto que confere ao Sahara Ocidental um estatuto de autonomia interno. Em Marrocos, o Istiqlal retoma com ardor a sua campanha pela recuperação dos pretensos «territórios ocupados».O rei Hassan II, num discurso oficial proferido no dia 20 de Agosto, declara que se oporá a um eventual referendo no Sahara.
No dia seguinte, o governo espanhol modifica o seu projecto inicial mas afirma que se empenhará em organizar um referendo antes de Julho de 1975.

A tensão não cessa de aumentar até que, a 17 de Setembro, Hassan II anuncia o recurso ao Tribunal Internacional de Justiça de Haia. Pretende que essa instância se pronuncie sobre aquilo que afirma serem os direitos históricos de Marrocos sobre o Sahara Ocidental. Mas, enquanto isso, Marrocos não deixa promover outras manobras. Sabendo que na Argélia encontra um opositor irredutível a toda e qualquer solução contrária aos princípios da O.N.U. e da O.U.A.. à autodeterminação dos povos e à intangibilidade das fronteiras herdadas do colonialismo, Marrocos estabelece contactos com a Espanha e com a Mauritânia que, entretanto, também começara a reivindicar o «seu» Sahara.

Em Outubro de 1974, por ocasião da cimeira árabe de Rabat, Hassan II e Ould Daddah, da Mauritânia, estabelecem um acordo secreto. A delegação mauritana apoiará, na 29.ª sessão da O.N.U. entretanto a decorrer, a pretensão marroquina de retirar à Assembleia Geral o «dossier» do Sahara Ocidental para o pôr nas mãos do Tribunal de Haia. Esta iniciativa depara com a oposição da Espanha, mas no termo da Assembleia Geral desse ano, a 13 de Dezembro de 1974, é adoptada uma resolução em que - sem prejuizo da aplicação do princípio à autodeterminação - se pede ao Tribunal de Haia um parecer consultivo sobre a seguinte questão: «O Sahara, no momento em que teve início a colonização espanhola, era uma terra sem dono? E se não, quais eram os laços jurídicos com Marrocos e com a Mauritânia?».

A Assembleia encarrega também um missão especial de estudar a situação no território e preparar uma visita à região. Esta missão especial da O.N.U., composta por representantes de três países, Costa do Marfim, Cuba e Irão, chega à região no mês de Maio de 1975.

A 12 de Maio, em El Aiun, capital do Sahara Ocidental, por ocasião da manifestação popular organizada para receber a missão, uma esmagadora maioria dos presentes proclama o seu apoio à Frente Polisario e reivindica a independência do país.

As manifestações sucedem-se, pondo em evidência a tomada de consciencialização política por parte da população. O «partido espanhol», o P.U.N.S., revela uma representatividade praticamente nula.
A delegação da O.N.U. prossegue na sua visita deslocando-se a Marrocos. O Morehob e a F.L.U. são-lhe apresentados como movimentos de libertação mas, no entanto, evidenciam muita dificuldade em demonstrar a sua real implantação e a actividade política desenvolvida. Na Argélia, nos primeiros campos de refugiados, perto de Tinduf, a missão volta a deparar com o apoio à Frente Polisario e à independência. Na Mauritânia, apesar da encenação das autoridades, voltam a ter lugar manifestações de apoio ao movimento de libertação saharaui.

O relatório da visita desta missão da O.N.U. é tornado público a 5 de Outubro de 1975. Depois de recordar as posições das partes intervenientes e interessadas, o relatório reconhece, a propósito das opiniões da população autóctone, que «a quase unanimidade se pronunciou a favor da independência e contra as reivindicações de Marrocos e da Mauritânia» e acrescenta que «a Frente Polisario, quase clandestina antes da chegada da missão, surgiu como a força política dominante no território. Por toda a parte a missão assistiu a manifestações de massas em seu favor». Relativamente às condições de resolução do problema, a missão defende a consulta livre à população. Reconhece a responsabilidade da Espanha no processo de descolonização e a necessidade de evitar toda e qualquer iniciativa que vise a alteração do statu quo no território.

No dia seguinte à publicação do relatório, o Tribunal Internacional de Justiça de Haia torna público o seu parecer consultivo. O Tribunal começa por afirmar que, no início da colonização espanhola, o Sahara Ocidental não era uma terra sem dono (terra nullius). Quanto à questão dos laços entre o Sahara e os países vizinhos, o Tribunal reconhece a existência «a quando da colonização espanhola, de laços jurídicos de fidelidade entre o sultão de Marrocos e certas tribos que viviam no território do Sahara Ocidental». Reconhece igualmente «a existência de direitos, inclusive direitos relativos a terra, que constituiam laços jurídicos entre o conjunto mauritano - designação utilizada pelo Tribunal - e o território do Sahara Ocidental». No entanto, o Tribunal conclui que os elementos e informações trazidas ao seu conhecimento não estabelecem a existência de qualquer tipo de laço de soberania territorial entre o Sahara Ocidental e Marrocos ou a Mauritânia. Em conclusão, o Tribunal afirma não existir nenhum laço que ponha em causa a resolução da O.N.U. de 1960 relativa à descolonização e à necessidade de «aplicação do princípio de autodeterminação através da expressão livre e autêntica da vontade das populações do território».

7. O ACORDO DE MADRID

A 16 de Outubro de 1975, no mesmo dia em que o Tribunal Internacional de Justiça de Haia publica o seu veredicto consultivo, Hassan II anuncia a organização de uma grande marcha «pacífica» - a «marcha verde» - de mais de 350 mil pessoas em direcção ao sahara Ocidental, para assim reafirmar, com uma encenação popular de massas, as reivindicações marroquinas sobre o território. Os sucessos obtidos, no plano internacional, pelas teses defensoras da autodeterminação é particularmente sentido pelos partidos da opsição marroquina que fazem pressão sobre Hassan II para que passe à iniciativa.

A «marcha verde» torna-se o biombo por detrás do qual tem lugar a verdadeira representação. Madrid reage violentamente contra a decisão marroquina, mas depressa têm lugar conversações entre os dois países. A «marcha verde» é adiada, o que deixa entender que um acordo poderá estar próximo: mas, a 6 de Novembro, os «marchistas» penetram alguns quilómetros no interior do Sahara para aí ficarem apenas alguns dias. A marca permite ao rei recuperar um certo «apoio popular» e esconder a infiltração no território do exército marroquino, que tem início, pelo menos, uma semana antes, como o demonstram os confrontos que têm lugar entre unidades da Polisario e efectivos invasores. O monarca acredita que esta «marcha verde» poder-lhe-á permitir vencer as últimas resistências do clã legitimista espanhol, apresentando como inevitável à opinião pública espanhola um acordo que, embora não equilibrado, permitirá uma saída sem afrontamento.

Oficialmente, a Espanha reafirmará até ao último dia a sua posição favorável a uma solução respeitadora das resoluções da O.N.U.. Mas, de facto, o que a Espanha oficial procura é sobretudo livrar-se de um problema sem perder muito a face e salvaguardando os seus interesses na região. Ora, tudo isso se passa num momento particularmente difícil e delicado da transição, em que não se pretende que a questão do Sahara o entrave de algum modo: Franco morre a 20 de Novembro. Um acordo tripartido, entre a Espanha, Marrocos e a Mauritânia, é assinado 6 dias antes, a 14 de Novembro. Tornado público apenas alguns dias depois, o acordo prevê «a instalação de uma administração interina no território com a participação de Marrocos e da Mauritânia, com a colaboração da Djemaa» e o termo da presença espanhola antes do dia 28 de Fevereiro de 1976. Nele se reafirma que «a opinião da população saharaui expresso pela Djemaa será respeitado». Tudo é apresentado como uma aplicação das resoluções da O.N.U..

A Espanha reabilita assim o seu velho instrumento da política colonialista para, desta vez, se libertar do peso e da responsabilidade da descolonização. A pouco e pouco serão conhecidos uma série de acordos e cláusulas secretas que salvaguardam os interesses espanhóis. Em relação à partilha do Sahara entre Marrocos e a Mauritânia, ela torna-se efectiva a 14 de Abril de 1976, no dia em que é anunciada a delimitação das fronteiras oficiais.

8. A NOVA FASE DA LUTA DE LIBERTAÇÃO

Marrocos, envolvido militarmente no Sahara Ocidental já antes do acordo de Madrid firmado a 14 de Novembro, intensifica o esforço de guerra e invade a zona setentrional. Aproveitando o vazio deixado pela retirada progressiva dos efectivos espanhóis, a Frente Polisario toma o controlo da maior parte do país, excepto as principais cidades, onde, embora presente, assiste à passagem do poder de espanhóis para marroquinos. Smara, a cidade santa, por exemplo, é entregue ao exército real de Marrocos no dia 27 de Novembro. As forças marroquinas deparam de pronto com a resistência da Polisario e as cidades e vilas que caiem nas mãos das forças invasoras são abondonadas pela população que teme a repressão e foge para as zonas libertadas.

A 10 de Dezembro, a Mauritânia entra na guerra ao lado de Marrocos e trata de imediato de tomar o controle de La Guera, a península fronteira a Nouadibou, a maior cidade mauritana e verdadeira capital económica do país. Necessita, porém, de dez dias de bombardeamentos intensos para quebrar a formidável resistência dos saharauis. A ocupação marroquino-mauritana suscita numerosas declarações de protesto. Muitos países africanos e partidos progressistas europeus declaram-se a favor da autodeterminação. A O.N.U., no entanto, em pleno decurso da sua 30.ª sessão da Assembleia Geral, não vai além de votar, no próprio dia 10 de Dezembro de 1975, duas resoluções algo contraditórias. A primeira, reclama a organização de um referendo e solicita às partes interessadas que se abstenham de toda e qualquer acção unilateral. A segunda, pede a consagração do direito de autodeterminação, mas deixa a iniciativa à administração interina tripartida, de facto sob o controle de Marrocos e da Mauritânia, já que a Espanha afirmara já claramente a sua intenção de abandonar o território.

A 28 de Novembro de 1975, em Guelta, reunem-se mais de metade dos membros da Djemaa. Neste encontro, os membros daquela assembleia criada pelo colonialismo espanhol pronunciam-se pela dissolução da Djemaa, afirmam o seu apoio à Frente Polisario enquanto representante do povo saharaui e proclamam a sua vontade de prosseguir a luta para conquistar a independência total. A declaração aprova igualmente a criação de um Conselho Nacional Saharaui Provisório presidido por Mohamed Ould Ziou.

Os últimos efectivos do exército espanhol abandonam o território saharaui no dia 12 de Janeiro de 1976. A retirada da administração espanhola está prevista para o dia 26 de Fevereiro, dois dias antes da data limite fixada pelo acordo de Madrid, por forma a não caucionar a votação organizada por Marrocos e da Mauritânia da minoria dos elementos transfugas ou capturados da Djemaa e que a O.N.U. se recusará a sancionar. A última tentativa das Nações Unidas para solucionar o problema, a missão do enviado especial do Secretário-Geral, Olaf Rydbeck, a Espanha, Marrocos e ao Sahara, com início a 2 de Fevereiro, salda-se por um fracasso. O enviado especial constata a impossibilidade de realização de uma consulta livre à população. A 27 de Fevereiro de 1976, em Bir Lahlou, o secretário-geral da Frente Polisario proclama a independência da República Árabe Saharaui Democrática. O primeiro governo da R.A.S.D., presidido por Mohammed Lamine, é formado a 4 de Março de 1976.

Para os saharauis, luta armada e combate diplomático prosseguem simultaneamente sem tréguas. Após ter decretado unilateralmente um cessar-fogo na frente sul, a Frente Polisario inicia conversações com as autoridades mauritanas. Um acordo é assinado entre as duas partes no dia 5 de Agosto de 1979: a Mauritânia renuncia às suas pretensões sobre o Sahara Ocidental. Na frente Norte, ao contrário, os combates intensificam-se. Marrocos adopta a técnica dos «muros» de areia para procurar conter os combatentes saharauis.

A 22 de Fevereiro de 1982, a R.A.S.D. é admitida oficialmente como membro da Organização de Unidade Africana. Progressivamente, 73 Estados de todo o mundo reconhecem a República Árabe Saharaui Democrática. Até 1990, é longa a sucessão de resoluções aprovadas no seio das diferentes organizações internacionais: O.N.U., O.U.A.., Parlamento Europeu, ... Todas lembram o direito do povo saharaui à autodeterminação e à independência... Mas sobre o terreno, nada muda. Marrocos, insensível aos apelos da comunidade internacional, persiste numa indiferença completa a sua política de ocupação e de repressão.

9. PLANO DE PAZ


A 20 de Junho de 1990, as luzes reacendem-se e a esperança renasce: o Secretário-Geral da O.N.U., Xavier Perez de Cuellar torna público o plano conjunto das Nações Unidas e da Organização de Unidade Africana para a organização de um referendo no Sahara Ocidental.

A 27 de Junho, o Conselho de Segurança da O.N.U. adopta a Resolução 690 que aprova o relatório do Secretário-Geral e cria a MINURSO (Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental).

A máquina parece pôr-se em marcha e o povo saharaui vê despontar no horizonte o referendo que ele há tanto sonha e deseja.O cessar-fogo é acordado entre as partes beligerantes - Marrocos e a Frente Polisario - para o dia 6 de Setembro de 1991. Segundo o calendário definido no plano de paz das Nações Unidas, o referendo deverá ter lugar vinte semanas mais tarde, ou seja, durante o mês de Fevereiro de 1992.

Após mais de cinco anos, não só o referendo não teve lugar, como o Sahara Ocidental continua sob ocupação. Mais: estima-se que, neste período, muitas dezenas de milhares de colonos marroquinos se instalaram no território a convite do Governo de Rabat com o objectivo de fazer aumentar o número de votantes que, eventualmente, venham a defender a integração do Sahara em Marrocos. Em consonância com esta política de povoamento forçado, Marrocos não tem cessado de pressionar as Nações Unidas para que sejam modificados os critérios de selecção dos votantes no referendo: o Plano de Paz previa que só as famílias recenseadas pela administração espanhola em 1974 pudessem participar no voto, ou seja cerca de 75 mil pessoas.


Fonte: www.arso.org