República Árabe Saharaui Democrática


O POVO QUE O MUNDO ESQUECEU


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Bem-vindos ao blog phoenixsaharaui.blogspot.com.br


A criação deste espaço democrático visa: divulgar a causa Saharaui, buscar o reconhecimento pelo Brasil da República Árabe Saharaui Democrática e pressionar a União Européia, especialmente a Espanha, a França e Portugal, mais os EUA, países diretamente beneficiados pela espoliação dos recursos naturais do povo Saharaui, para retirarem o apoio criminoso aos interesses de Mohammed VI, Rei do Marrocos, e com isto permitir que a ONU prossiga no já tardio processo de descolonização da Pátria Saharaui, última colônia na África.


Membro fundador da União Africana, a RASD é reconhecida por mais de 82 nações, sendo 27 latino-americanas.


Nas páginas que seguem, você encontrará notícias do front, artigos de opinião, relato de fatos históricos, biografias de homens do porte de Rosseau, Thoreau, Tolstoy, Emersom, Stuart Mill e outros que tiveram suas obras imortalizadas - enxergaram muito além do seu tempo - principalmente em defesa da Liberdade.


"Liberté, Égalité, Fraternité", a frase que embalou tantos sonhos em busca da Liberdade, é letra morta na terra mãe.


A valente e obstinada resistência do povo Saharaui, com certeza encontraria em Jean Molin - Herói da resistência francesa - um soldado pronto para lutar contra a opressão e, em busca da Liberdade, morrer por sua Pátria.


A Literatura, a Música, a Pintura e o Teatro Saharaui estarão presentes diariamente nestas páginas, pois retratam fielmente o dia-a-dia deste povo, que a despeito de todas as adversidades, em meio a luta, manteve vivas suas tradições.


Diante do exposto, rogamos que o nosso presidente se afaste da posição de neutralidade, mas que na verdade favorece os interesses das grandes potências, e, em respeito a autodeterminação dos povos estampada como preceito constitucional, reconheça, ainda em seu governo, a República Árabe Saharaui Democrática - RASD.


Este que vos fala não tem nenhum compromisso com o erro.


Se você constatar alguma imprecisão de datas, locais, fatos, nomes ou grafia, gentileza comunicar para imediata correção.


Contamos com você!


Marco Erlandi Orsi Sanches


Porto Alegre, Rio Grande do Sul/Brasil

quinta-feira, 23 de junho de 2011

CAUSAS DO GOLPE MILITAR DE 1964 NO BRASIL

Causas do golpe militar de 1964 no Brasil


Regime militar no Brasil

1964–1985


As Causas do golpe militar de 1964 no Brasil compõem uma somatória de eventos que ocorreram a partir de diversas tentativas de golpes militares contra Juscelino Kubitschek em 1955 e do vice-presidente João Goulart em 1961. Um dos principais motivos alegados foi evitar a instalação de um governo totalitário comunista no Brasil.

Raízes ideológicas

Ernesto Geisel, quarto presidente da ditadura militar, afirmou, em depoimento à Fundação Getúlio Vargas, que era possível traçar as origens dos interesses e ideologias que deram a luz ao Golpe de 1964 no Tenentismo, movimento político que marcou profundamente a geração de militares que elaboraram, executaram e deram sobrevida à ordem política gerada pela derrubada de João Goulart.

Tal geração, profundamente influenciada pela missão militar francesa que viera ao Rio de Janeiro tutelar o Exército Brasileiro nas artes da guerra, defendia uma maior participação do exército na vida nacional e desprezava as "vivandeiras", termo cunhado pelo Marechal Castelo Branco para depreciar os políticos e oligarcas que buscavam utilizar o éxercito como ferramenta política.

Muitos destes oficiais participaram ativamente da Revolução de 30, revolução esta que veio a radicalizar as posições ideológicas e políticas dentro do exército.

Dentro das Forças Armadas muitos bandearam-se para os extremismos, tão em voga à época, como o Fascismo, popularizado pela eminência de Hitler e Mussolini, ou o Comunismo, alavancado pela Internacional dos Trabalhadores, de égide stalinista.

A revolução de 1930, por sua vez, recebeu grande apoio popular devido aos seus líderes e às influências ideológicas externas sobre estes.

Segundo o Tenente Coronel de Infantaria e Estado-Maior do Exército Brasileiro Manoel Soriano Neto, em palestra comemorativa proferida na AMAN em 12 de setembro de 1985, em homenagem ao centenário do marechal José Pessoa:

"Com as desavenças que grassavam na corrente outubrista, o tenentismo vem a se desintegrar. Tal fato se dá após a Revolução de 1932, mormente durante o ano de 1933, quando se formava a Assembléia Nacional Constituinte. Parcelas das Forças Armadas se desgarraram para a esquerda e para a direita, incorporando-se à Aliança Nacional Libertadora e à Ação Integralista Brasileira, que apregoavam ideologias importadas, não condizentes com a idiossincrasia de nosso povo."

As raízes do golpe de 1964 são muito profundas, são de cunho ideológico e estão arraigadas no país desde o final do século XIX. Segundo historiadores, o golpe militar começou a ocorrer em 1954 (ou até mesmo antes) quando a situação de Vargas estava insustentável devido aos escândalos sucessivos que ocorriam durante seu governo de cunho autoritário, além de grande instabilidade que atingiu o Brasil política e economicamente.

1955

Em 1955, ainda segundo uma corrente de historiadores brasileiros, as mesmas forças tentaram impedir as eleições através de um novo golpe, pois sabiam que haveria a sua derrota.

A tentativa, porém, foi impedida pela ação do marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, que garantiu as eleições e a posterior posse de Juscelino Kubitschek que continuou a desenvolver a indústria brasileira tentando modernizar o parque industrial, com a conhecida política dos cinquenta anos em cinco.


1961 e a renúncia de Jânio Quadros




No entanto, em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, numa tentativa infrutífera do que supostamente pretendia ser um auto-golpe, subiria ao poder o vice-presidente João Goulart, o que de certa forma gerou descontentamento entre segmentos contrários ao populismo de Vargas.













João Goulart.

Goulart, sucessor político de Getúlio Vargas e cunhado de Leonel Brizola, defendia a realização de reformas de base no Brasil, incluindo a reforma agrária. Ele estava na China quando recebeu a notícia da renúncia de Quadros e era informado também da tentativa de militares contrários a Jango (como era conhecido Goulart) impedirem sua posse. Ranieri Mazilli era o presidente em exercício.

A renúncia de Jânio, cujos reais motivos não foram devidamente esclarecidos pelo ex-presidente (que morreu apenas transmitindo ao neto uma visão "romântica" do ato, pensando em voltar pelos braços do povo), parece ter sido motivada por um discurso lançado por Carlos Lacerda, governador da Guanabara. Preocupado com os acenos de Quadros aos países socialistas - na política externa Quadros queria inverter o seu perfil conservador - , Lacerda, que apoiou a eleição de Quadros, tentou falar com ele em Brasília e, no encontro, o jornalista-governador foi mal recebido pelo então presidente. Irritado, Lacerda anunciou em pronunciamento na TV que Jânio queria dar um golpe, renunciando para depois retornar com poderes fortalecidos. O discurso de Lacerda desnorteou politicamente o governo Jânio Quadros, que já tinha se mostrado, desde o começo, ambíguo e instável.

João Goulart e o parlamentarismo

Novamente os mesmos setores que, segundo alguns, tramaram o golpe de 1954 tentaram impedir Goulart de tomar posse. Os antigos coronéis que lançaram um memorial condenando a atuação de Jango como Ministro do Trabalho (os oficiais se irritaram com o aumento salarial decretado pelo ministro), generais naquele ano de 1961, queriam impedir a posse do vice de Jânio, considerado substituto constitucional do renunciante.

Uma campanha radiofônica articulada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, denominada "Cadeia da Legalidade", fez crescer o apoio popular para a posse de Jango, na chamada Campanha da Legalidade. Alguns parlamentares de tendência liberal, entre eles Raul Pilla, tradicional defensor do parlamentarismo no Brasil, deram a solução para garantir a posse de Jango: ele seria presidente, mas não governava. O governo estaria nas mãos do Presidente do Conselho de Ministros.

Jango pôde assim exercer a função de chefe de estado, mas o governo esteve nas mãos de três Primeiros-Ministros: o político mineiro Tancredo Neves (que ironicamente não conseguiu se empossar presidente na redemocratização brasileira), o jurista gaúcho Francisco de Paula Brochado da Rocha e o jurista baiano Hermes Lima.

O Plebiscito de 1962, o presidencialismo e o início dos protestos

Em 1962, forças políticas descontentes com o parlamentarismo, pressionam no sentido de ser realizado um plebiscito para a escolha da forma de governo, parlamentarismo, ou presidencialismo.

Esse plebiscito estava previsto para 1965, ano das eleições presidenciais (que já tinham candidatos anunciados desde 1960: JK e Lacerda). Mas o descontentamento do povo e das classes dirigentes fez apressar a realização do plebiscito para 1962, influenciando uma campanha em que a opção mais defendida era o não ao parlamentarismo, apoiada tanto por progressistas quanto por esquerdistas e alguns conservadores.

Dessa forma, os eleitores escolheram o presidencialismo. Goulart começou a governar, tentando conciliar os seus interesse ideológicos mais à esquerda com os interesses dos conservadores, mais à direita.

Devida perda de tempo, resultando na demora em implantar as reformas de base, os grupos de esquerda, inclusive dentro do próprio PTB começaram a se afastar do governo e atuar em protestos reivindicativos. Jango chega a ter sérias discussões até com o cunhado Leonel Brizola, irritado em ver o presidente impotente em pôr em prática as prometidas reformas.

Inflação, greves e a CIA

Iniciou assim uma aceleração da inflação que começa a escalar, as medidas econômicas do governo foram duramente atacadas pelos grupos mais à esquerda, pois viam nestas a continuação de uma política que eles mesmos combatiam.

A esquerda, então, iniciou os movimentos de greves, comandadas pela CGT, o que repercutia mal nos setores patronais.

No Brasil era o período de eleições estaduais, Kennedy, presidente norte-americano, ingerindo diretamente na política interna brasileira, ordenou o financiamento das campanhas dos governos estaduais em candidatos contrários a Jango.

Segundo o ex-agente da CIA, Philip Agee, os fundos provenientes de fontes estrangeiras foram utilizados na campanha de oito candidatos aos governos dos 11 estados onde houve eleições, em apoio a 15 candidatos ao Senado, a 250 candidatos à Câmara e a mais de quinhentos candidatos às Assembléias Legislativas.

Foi doado dinheiro para o IBAD e para a viabilização econômica do IPES com a finalidade de desestabilizar o governo brasileiro.

Como a bancada de esquerda aumentou, as doações de campanha resultaram numa CPI. Esta apurou que as doações vinham dos bancos "Royal Bank of Canada", "Bank of Boston" e "First National City Bank".

Estatizações de Leonel Brizola

Leonel Brizola de forma abrupta, estatizou as companhias telefônica e de energia elétrica do Rio Grande do Sul, o motivo alegado na época, foi que estas empresas promoviam dumpping causando falência de pequenas empresas de geração elétrica e telecomunicações gaúchas.

As empresas encampadas eram pertencentes a grupos norte-americanos, criando desta forma um clima tenso entre Brasil e Estados Unidos.

Em seguida, Brizola denuncia a corrupção ocorrida no acordo de indenização feito com as multinacionais norte-americanas, antigas proprietárias das companhias do Rio Grande do Sul. O ministério, devida corrupção comprovada, foi demitido e o acordo de indenização foi suspenso. Esta atitude desagradou aos empresários e governantes dos Estados Unidos, que protestaram contra o governo brasileiro.

Os sargentos

Ao mesmo tempo em que houve o escândalo da corrupção de funcionários de alto escalão do governo brasileiro e empresários norte-americanos, iniciou um movimento dos sargentos, ideologicamente ligados a Brizola, que pleiteavam o direito de ser eleitos, pois posses haviam sido impedidas pelo Supremo Tribunal Federal.

Os estudantes

Iniciou também na mesma época, um movimento estudantil de orientação esquerdista, que realizava protestos e quebra-quebras nas ruas. Todos os eventos geraram um mal-estar na classe média brasileira bombardeada pelos meios de comunicações e pela imprensa de que o Brasil estaria prestes a um golpe de estado com a implantação do comunismo semelhante ao soviético ou chinês.

Os grupos dos onze

Brizola ainda cria o movimento dos "grupos dos onze", que consistia na organização popular em grupos de onze pessoas, para fiscalizar parlamentares e militares (já prevendo tentativas de golpes) e pressionar o governo e o congresso pelas reformas de base.

O PSD, UDN, PTB

Os políticos do PSD, mais conservadores, temendo uma radicalização à esquerda, deixam de apoiar o governo, tornando a situação política de Goulart insustentável, já que ele não tinha apoio total do PTB, nem dos comunistas para governar de forma conciliatória.

Também a UDN e o PSD temiam pelo crescimento do PTB, já que Leonel Brizola era o favorito para as eleições presidenciais que aconteceriam. Brizola já tinha seu slogan "Cunhado não é parente! Brizola presidente!", este era em função de seu vínculo familiar com Jango, seu cunhado.

A imprensa

A imprensa iniciou uma campanha através de informes publicitários (publicidade paga) de que Jango estaria partindo para o radicalismo ideológico que levaria o Brasil para um golpe de estado, com a implantação de um regime político nos moldes de Cuba e China.

O "Perigo Comunista"

Por causa dos eventos ocorridos e a campanha maciça no rádio, cinema, imprensa, televisão do "perigo comunista", representado por Jango (Um dos maiores Latifundiários do Brasil), a opinião pública representada pela classe média, orientada pelo IPES começou a se mobilizar.

Os militares e os políticos

Os Estados Unidos desde 1961 já estavam fomentando o golpe, através dos militares brasileiros, (que estavam descontentes desde 1954), com respaldo político e econômico das forças da UDN, lideradas por Carlos Lacerda, que já havia sugerido uma intervenção norte-americana na política brasileira em entrevista ao correspondente no Brasil do Los Angeles Times, Julien Hart. Isto causou uma crise política com os ministros militares que solicitaram o estado de sítio ao Congresso e a prisão de Lacerda.

O estado de sítio

O estado de sítio foi recusado pelo Congresso Nacional, tentando controlar as inúmeras revoltas violentas, greves e a instabilidade social instaladas no Brasil durante o governo Jango.

Algumas destas manifestações foram o movimento dos sargentos, e a revolta dos marinheiros, liderados por (Cabo Anselmo), cujos participantes foram anistiados pelo Presidente Jango, constituindo uma quebra de hierarquia militar, ao não serem devidamente punidos conforme os ritos militares. Os generais se declararam indignados com a anistia de Jango aos sargentos e com a visita do presidente a uma reunião dos sargentos no Automóvel Clube. Para eles, isso foi a gota d'água para defenderem um movimento para depor João Goulart da Presidência da República, que resultou no Golpe de 1964.

O apoio norte-americano à Revolução de 1964

Em 11 de abril de 1964, o Congresso Nacional elegeu o general Humberto de Alencar Castelo Branco como presidente da República, para completar o mandato de Jânio Quadros que se encerraria em 31 de janeiro de 1966.

Em seguida, as Forças Armadas dos EUA realizaram levantamento aerofotogramétrico de vastas áreas do nosso território.

Na Biblioteca Lyndon Johnson, no Texas, EUA, estão disponíveis alguns telegramas trocados entre a embaixada brasileira em Washington e a Casa Branca na véspera do golpe, em 30 de março. Nas últimas horas daquele dia, o secretário de Estado Dean Rusk enviou um telegrama à embaixada brasileira deixando claro que o governo norte-americano estava disposto a intervir em auxílio às forças amigas no Brasil.

O então embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, enviou telegramas para o Departamento de Estado de seu país, para a Casa Branca e a CIA.

Traduções de alguns trechos: Gordon recomendava que "medidas sejam tomadas o mais cedo possível para preparar uma entrega clandestina de armas não-fabricadas nos Estados Unidos para serem entregues aos apoiadores de Castello Branco em São Paulo". Noutro telegrama, sugeria que as armas fossem posicionadas antes mesmo de qualquer violência" no Brasil, para uso dos "militares amigos, contra os militares inimigos, se necessário". E, para disfarçar o envolvimento dos Estados Unidos, propunha que as armas fossem entregues através de um "submarino sem marcas, descarregadas à noite em praias isoladas ao sul de Santos, no estado de São Paulo".

Os telegramas de Gordon também confirmam medidas da CIA no Brasil para "encorajar sentimento anti-comunista no Congresso, nas forças armadas […] e em entidades estudantis, religiosas e profissionais". Quatro dias antes do golpe, Gordon solicitou o envio de uma força naval para intimidar os partidários de Goulart.

De acordo com o site do National Security Archives, "Embora seja do conhecimento geral que a CIA envolveu-se no golpe contra Goulart, seus arquivos operacionais permanecem fechados, para consternação dos historiadores"

Minutos depois do recebimento dessa mensagem, a Marinha norte-americana enviava ao porto de Santos, em São Paulo, uma frota de navios (um porta-aviões, seis destróieres, quatro petroleiros, navio para transporte de helicópteros, esquadrilhas de aviões. O nome oficial da operação, que atendia a pedidos de ajuda da embaixada brasileira: Brother Sam (Irmão Sam).

No dia 3 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, teve o seguinte diálogo com Thomas Mann, seu assessor:

Thomas Mann: I hope you’re as happy about Brazil as I am.
Lyndon B. Johnson: I am.
Thomas Mann: I think that’s the most important thing that’s happened in the hemisphere in three years.
Lyndon B. Johnson: I hope they give us some credit, instead of hell”.

(tradução:
Mann: "Espero que você esteja tão feliz com o Brasil quanto eu."
Lyndon Johnson: "Estou."
Mann: "Creio que é a coisa mais importante que aconteceu no hemisfério [sul] nos [últimos] três anos."
Lyndon Johnson: "Espero que nos dêem reconhecimento, em vez de nos infernizarem")

Partidários da revolução de 1964 consideram que as atitudes dos americanos mostram apenas a preocupação da embaixada americana nos Estados Unidos (embaixada americana nos Estados Unidos? Verificar) com os acontecimentos do Brasil, e não mostram em nenhum momento os Estados Unidos planejando ou financiando um golpe de estado no Brasil.

Segundo o escritor Olavo de Carvalho, "O golpe de 64 foi um episódio da Guerra Fria, e a Guerra Fria não se travou entre o malvado Império e meia dúzia de desamparados brasileirinhos. Travou-se entre uma democracia capitalista e duas ditaduras comunistas. É impossível descrever honestamente a ação de uma dessas forças num país do Terceiro Mundo sem levar em conta a presença da força contrária. A história da suposta interferência americana no golpe de 64 suprime sistematicamente metade do cenário."

Lincoln Gordon e a ingerência norte-americana na política interna brasileira

O governador mineiro, o banqueiro Magalhães Pinto, segundo Waldir Pires, tramava o golpe com Lincoln Gordon, embaixador dos Estados Unidos, estando inclusive levantada a possibilidade de Minas Gerais declarar independência em relação ao Brasil, que seria prontamente reconhecida. Conforme relatado posteriormente, houve grande influência também do adido militar, coronel Vernon Walters.

O comício na Central do Brasil e o gatilho que desencadeou o golpe

O comício de Goulart e Brizola, na Central do Brasil, em 13 de março de 1964, foi a chave para dar início ao golpe.

Brizola e Goulart anunciavam as reformas de base, incluindo um plebiscito pela convocação de nova constituinte. A reforma agrária (com a desapropriação de terrenos às margens das rodovias), e a nacionalização das refinarias de petróleo estrangeiras.

Também a UDN e o PSD temiam pelo crescimento do PTB, já que Leonel Brizola era o favorito para as eleições presidenciais que aconteceriam. Brizola já tinha seu slogan "Cunhado não é parente! Brizola presidente!".

Sabendo que o povo apoiaria em massa o projeto, a aliança político-militar (UDN-Militares golpistas) mais o governo norte-americano deflagram o golpe.

A "Marcha"

Liderados por um capelão americano, padre Patrick Peyton, enviado ao Brasil para criar mobilização popular contra o governo, começa a marchas da família com Deus pela Liberdade para dar legitimidade ao golpe. A mobilização foi respaldada por Adhemar de Barros e Carlos Lacerda.

Os militares juntamente com os políticos organizavam a derrubada de Goulart com o apoio da classe média. A marcha da família teve o apoio dos grandes empresários, que fecharam suas empresas em horário comercial e transportaram as pessoas para a manifestação.

Como os arquivos do governo de Lindon Johnson comprovariam, vinte anos mais tarde, foi feita uma operação militar chamada Brother Sam para atuar no Brasil. Teria sido um plano de guerra dos EUA contra as forças janguistas no Brasil. Poderia ter havido um sério conflito bélico entre os dois países, e, embora os EUA pareçam ter vantagem, já estavam investindo em recursos financeiros, armamentistas e humanos noutra guerra, contra o Vietnã, onde o país norte-americano saiu derrotado, anos depois.

Somente no ano de 1962, quase cinco mil cidadãos norte-americanos entraram no país, segundo Jorge Ferreira em Rev. Bras. Hist. vol.24 no.47 São Paulo 2004, "A estratégia do confronto: a frente de mobilização popular". Darcy Ribeiro citou ainda que "Foi desencadeado com forte contingente armado, postado no Porto de Vitória, com instruções de marchar sobre Belo Horizonte.".

A Operação Brother Sam objetivava abastecer com combustível e armas a Operação Popeye desencadeada pelos militares brasileiros.

A Frota do Caribe liderada pelo porta-aviões nuclear americano armado com bombas atômicas Forrestal foram enviados à costa brasileira e ficaram próximos do porto de Vitória (ES) aguardando ordens.

Estava assim iniciado o Golpe Militar de 1° de abril de 1964.

Formação

O Brasil era dominado pelas grandes e ricas famílias, pelos oligopólios, pelos latifúndios e por uma estrutura coronelista oriunda do Brasil Império e que não se desfez durante a República Velha. Portanto, as famílias tradicionais tinham condições de educar seus filhos nas melhores escolas, estas eram militares, ou religiosas. Não raros foram os jovens oficiais brasileiros mandados estudar na França, na École Supérieur de Guerre e nos Estados Unidos o Fort Leavenworth War School nas décadas de 1900, 1910, 1920, 1930 e 1940. Formou-se assim uma elite militar cuja ideologia conservadora permaneceu dentro das forças armadas. Pois os jovens oficiais foram influenciados pelos movimentos ideológicos de 1917 e 1922, que por sua vez foram antecedidos pela Primeira Guerra Mundial. Esta foi segundo o historiador general Argemiro de Assis Brasil '" foi a quebra dos sistemas econômicos ultrapassados do século XIX."

Castelo Branco

O teórico e militar brasileiro Humberto de Alencar Castelo Branco, nasceu em Fortaleza-CE a 20 de setembro de 1900. Era filho do general de brigada Cândido Borges Castelo Branco, este, autor de obras militares, entre estas Vocabulário militar e O Consultor militar.

Cândido no início do século XX foi comandante do 25° batalhão de caçadores de Teresina-PI. Castelo Branco, pelo lado paterno era a nona geração de Francisco da Cunha Castelo Branco e Silva, fidalgo português, vindo ao Brasil em 1693 e grande proprietário de terras em Campo Maior-PI (1701). Pelo lado materno Castelo descendia do escritor José de Alencar.

A decadência tecnológica do Brasil

No início do século XX, de 1904 a 1920 o Exército Brasileiro, sob influência alemã, eliminou a formação de engenheiros militares dentro do Brasil, sendo então os brasileiros enviados às escolas no exterior para a sua formação, o que acarretou um atraso no desenvolvimento tecnológico do país.

Este fato está descrito na História do IME publicada pelo Exército Brasileiro.

Segundo a história do Instituto: Em 1920, veio ao Brasil uma missão militar francesa que convenceu os militares brasileiros, "que o país não poderia ficar sem uma instituição de ensino militar superior na área de engenharia".

* Veja mais em: Instituto Militar de Engenharia.

Estudantes militares de classes sociais inferiores

Iniciara-se no Brasil o acesso de outros grupos sociais nas escolas militares. Estes jovens eram filhos de militares de baixa patente e da classe média que se iniciava. Muitos ainda não propugnavam nenhuma ideologia.

Ao mesmo tempo, Segundo Argemiro de Assis Brasil, iniciariam movimentos políticos e militares próximo à década de vinte propondo alterações estruturais democráticas nas relações de poder do país. Isto gerou em alguns jovens oficiais visões antagônicas.

Segundo ainda Assis Brasil, o novo oficialato via que eram necessárias as quebras das antigas estruturas oligopolizantes e principalmente tinha noção de que as mudanças deveriam ser por pressão social gradual e constante, e não por revoluções imediatistas.

As ideologias

Também se iniciou a entrada das ideologias de esquerda num terceiro grupo de jovens oficiais. Neste momento ocorreu, não um movimento binário, mas um movimento trinário.

Iniciaram-se radicalismos, uns bandearam-se, conforme descrito em parágrafos anteriores, para a direita, outros para a esquerda, e por final, alguns não se deixaram influenciar por correntes ideológicas provindas do exterior.

O radicalismo ocasionado pelas ideologias antagônicas contaminou o povo brasileiro. Alguns setores começaram a se armar, iniciando assim uma tensão interna que poderia gerar uma guerra civil que fatalmente dividiria o Brasil (A exemplo de outros movimentos internacionais que acabaram gerando movimentos separatistas). Na esteira do radicalismo a esquerda se armou na tentativa de tomar o poder pela força.

Voto de cabresto

A democracia brasileira no decorrer do século XX possuia o chamado "voto de cabresto", este fazia parte do folclore e da tradição política onde a "eleição era decidida no colo do coronel", alusão às eleições onde a urna ficava à vista do comandante político de uma determinada região e o "eleitor" antes de "depositar" o seu voto, entregava-o para o "coronel" para ser vistoriado.

Educação

A reforma da educação pública, inacessível às classes mais baixas da população, também se fazia necessária, pois, não existiam escolas públicas longe dos grandes centros.

Só podiam ser eleitores homens, maiores de idade e alfabetizados. Era considerado alfabetizado o cidadão que sabia assinar o nome. Portanto, aqueles eram os eleitores dos coronéis chefes dos grandes latifúndios e oligarquias.

Estas distorções fizeram o Poder nacional ficar concentrado em dois Estados da União, São Paulo e Minas Gerais. (As outras regiões eram subordinadas à estas).

Capital estrangeiro

O atraso cultural era mantido e incentivado, o Brasil não se desenvolvia tecnologicamente. Quase 100 % de todo o empresariado nacional, assim como os produtos e serviços básicos estavam nas mãos de empresas estrangeiras, notadamente estadunidenses. No final da década de 1920, início da década de 1930, imediatamente após a quebra da Bolsa de Nova York (1929), em conseqüência do efeito dominó, muitas filiais brasileiras se viram sem liquidez.

Desde o início do século XX, a política brasileira era fortemente financiada pelo capital estrangeiro, o que gerava uma influência muito grande na vida nacional.

As revoltas de 20 e de 30

Sob o panorama descrito acima surgiram o Tenentismo, a Revolta Paulista de 1924, a Coluna Prestes, a Revolução de 1930, Revolução Constitucionalista de 1932.

Os protagonistas de todas estas rebeliões e revoluções foram tendo suas vidas profissionais enriquecidas pelos eventos históricos vividos culminando então na era Vargas.

Vargas tinha seus sucessores históricos, entre estes Jango e Brizola, cuja orientação ideológica era progressista, apesar de serem também oriundos de famílias abastadas e grandes proprietárias de terras no Sul do Brasil.

As movimentações históricas

Na era Vargas as classes menos favorecidas e as minorias passaram a influenciar a política nacional. Os direitos garantidos aos trabalhadores e às mulheres mudaram os resultados de muitas eleições. O Brasil deixava de ser eminentemente rural para começar uma era de industrialização, logo os novos capitães de indústrias substituíram os velhos coronéis. Porém, os direitos dos trabalhadores começaram a ser cobrados pela sociedade eleitora. Nas gandes cidades, o voto de cabresto seria substituído pelos favores eleitorais.

Não tardaram em ocorrer movimentos político-militares descontentes com a política populista de Vargas. Pode-se dizer que os movimentos iniciais à eclosão do golpe de 1964 ocorreram em 1954.

Conforme ressaltado nos parágrafos anteriores, os conflitos ideológicos já vinham tomando corpo desde os tempos em que os generais de então (1964) eram estudantes nas escolas militares no início do século XX.

O suicídio de Vargas

Em sua obra acadêmica "As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos-Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2004", o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira descreve que Getúlio Vargas "buscou alargar a margem de autonomia do Brasil", recebendo desta forma uma imensa pressão do governo americano, pois, "o embaixador americano Adolf Berle Jr. incentivou abertamente o golpe de Estado que derrubou Vargas em 29 de outubro de 1945", adiante afirma que: "o suicídio de Vargas, em 24 de agosto de 1954, após denunciar a brutal campanha subterrânea dos grupos internacionais", e que: "o golpe tramado pela CIA para derrubar João Goulart, herdeiro do getulismo".

É sabido que empresas provindas dos Estados Unidos da América, se sentiram ameaçadas com o desenvolvimento de grandes indústrias brasileiras como a Petrobrás e a CSN. Iniciaram (economicamente) juntamente com os inimigos políticos de Vargas um movimento para derrubá-lo.

O golpe que deveria ser dado em 1954 contra o governo de Getúlio Vargas acabou não ocorrendo, pois, ao se suicidar retardou o movimento contra sua política.

A repercussão da carta testamento fez aumentar o crescimento político de seus herdeiros no populismo.

Os Estados Unidos da América

Com a Revolução cubana, que instaurou o marxismo-lenismo como ideologia oficial do Estado cubano a partir de 1961, se intensificou a pressão anticomunista liderada pelos Estados Unidos. Um país comunista na América Latina e de dimensões continentais como o Brasil não poderia ser tolerado pela direita. Havia também o medo do efeito dominó por parte da CIA, o comunismo poderia ser instaurado por toda a América Latina, como sonhava Che Guevara.

Cerca de trezentas empresas estadunidenses apoiadas pela CIA se apressaram em financiar o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES). Este foi inicialmente comandado pelo general Golbery do Couto e Silva.

A função do instituto era criar [3] condições para impossibilitar a governabilidade do Brasil favorecendo desta forma a queda de Goulart.

O Brasil estando com sua economia nas mãos de empresas multinacionais seria presa fácil para a dominação sócio-econômica. A geração de energia elétrica, a geração de produtos petroquímicos, as extrações de minerais, a indústria têxtil, a prestação de serviços de coleta de lixo, exploração de telefonia, águas e esgotos, indústrias metalúrgicas e de papel, além das grandes empresas de exploração e "colonização" no interior do Brasil eram pertencentes a grupos internacionais, notadamente norte-americanos.

As remessas de lucros ao exterior não eram controladas eficientemente, quando existia algum controle, as propinas aos funcionários públicos corruptos facilitavam a corrupção e os impostos não eram pagos.

A corrupção era comum em todos os segmentos da sociedade. Nos Estados Unidos, muitos chamavam o Brasil de República de Bananas. (Alusão feita à cantora portuguesa Carmen Miranda, que enaltecia o patriotismo e os valores brasileiros). Em 1964 durante o golpe militar, haviam navios americanos ancorados na costa brasileira. Quase 30 anos depois foi revelado que o então embaixador do EUA no Brasil Lincoln Gordon, trocou cartas com o governo de Washington em que estava discutindo um apoio bélico para o golpe de 64.

A polarização

Os Estados Unidos da América, sob as doutrinas da Segurança Nacional e do destino manifesto.

Segundo Luiz Alberto Moniz Bandeira em sua obra: As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2004

“Por volta de 1850, os Estados Unidos já ocupavam o quinto lugar no mundo como potência manufatureira, o que lhes exacerbava o ímpeto da expansão, em busca tanto de mais terras quanto de mercados e de fontes de matérias-primas. A tendência para o messianismo nacional, a idéia do povo eleito por Deus que o judaísmo legou aos puritanos, atualizou-se, americanizou-se e assumiu o nome de destino manifesto, movimento com que os Estados Unidos, na metade do século XIX, expandiram suas fronteiras até o Oceano Pacífico e, através de expedições de flibusteiros, tentaram apoderar-se da América Central e das ilhas do Caribe, bem como da Amazônia brasileira”.

Devido à Guerra fria, o bloco comunista liderado pela União Soviética e pela China iria se utilizar de todas as formas de combate e doutrinamento ideológico para se firmar no planeta.

A bipolarização nada mais foi do que a luta de dois blocos ideológicos antagônicos se debatendo pelo poder. O terceiro mundo e suas riquezas, era o objeto de desejo e ao mesmo tempo o troféu do vencedor do conflito.

O Brasil tendo o seu crescimento tecnológico acelerado por pólos industriais que estavam se formando, passou a ser considerado um inimigo comercial em potencial pelos políticos e empresários norte-americanos. Estes não queriam a industrialização de países que ofereceriam uma concorrência manufatureira.

O Brasil deveria funcionar apenas como local de extração de riquezas, não de geração.

Motivos ou razões

O fenômeno social da politização de uma nação demanda tempo e amadurecimento. Existe também a inércia dos movimentos iniciados à época da ditadura que demandarão muito tempo para adquirirem novos pontos de equilíbrio.

As razões ou motivações que levaram ao golpe de Estado de 1964, segundo muitos estudiosos da situação político-econômica, foram as mesmas que levaram o Brasil durante todo o século XX a ter um panorama econômico e financeiro conturbado.


Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Chico Buarque - Cálice - Clip Ditadura




Cálice

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque e Gilberto Gil

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)

Geraldo Vandré - Pra não dizer que não falei das Flores



Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Composição: geraldo vandré

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantado e seguindo a canção
Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer