República Árabe Saharaui Democrática


O POVO QUE O MUNDO ESQUECEU


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O POVO QUE O MUNDO ESQUECEU


Bem-vindos ao blog phoenixsaharaui.blogspot.com.br


A criação deste espaço democrático visa: divulgar a causa Saharaui, buscar o reconhecimento pelo Brasil da República Árabe Saharaui Democrática e pressionar a União Européia, especialmente a Espanha, a França e Portugal, mais os EUA, países diretamente beneficiados pela espoliação dos recursos naturais do povo Saharaui, para retirarem o apoio criminoso aos interesses de Mohammed VI, Rei do Marrocos, e com isto permitir que a ONU prossiga no já tardio processo de descolonização da Pátria Saharaui, última colônia na África.


Membro fundador da União Africana, a RASD é reconhecida por mais de 82 nações, sendo 27 latino-americanas.


Nas páginas que seguem, você encontrará notícias do front, artigos de opinião, relato de fatos históricos, biografias de homens do porte de Rosseau, Thoreau, Tolstoy, Emersom, Stuart Mill e outros que tiveram suas obras imortalizadas - enxergaram muito além do seu tempo - principalmente em defesa da Liberdade.


"Liberté, Égalité, Fraternité", a frase que embalou tantos sonhos em busca da Liberdade, é letra morta na terra mãe.


A valente e obstinada resistência do povo Saharaui, com certeza encontraria em Jean Molin - Herói da resistência francesa - um soldado pronto para lutar contra a opressão e, em busca da Liberdade, morrer por sua Pátria.


A Literatura, a Música, a Pintura e o Teatro Saharaui estarão presentes diariamente nestas páginas, pois retratam fielmente o dia-a-dia deste povo, que a despeito de todas as adversidades, em meio a luta, manteve vivas suas tradições.


Diante do exposto, rogamos que o nosso presidente se afaste da posição de neutralidade, mas que na verdade favorece os interesses das grandes potências, e, em respeito a autodeterminação dos povos estampada como preceito constitucional, reconheça, ainda em seu governo, a República Árabe Saharaui Democrática - RASD.


Este que vos fala não tem nenhum compromisso com o erro.


Se você constatar alguma imprecisão de datas, locais, fatos, nomes ou grafia, gentileza comunicar para imediata correção.


Contamos com você!


Marco Erlandi Orsi Sanches


Porto Alegre, Rio Grande do Sul/Brasil

sábado, 29 de outubro de 2011

PIRATAS, PIRATE, CORSAIRE, SEEROWERS


Ao abraçar a causa Saharaui, sabia que estava penetrando no mundo das desigualdades consentidas e autorizadas. O que não imaginava, era o quanto somos desinformados, severamente condicionados e manipulados diariamente pela mídia.

O bombardeio midiático a serviço dos grandes conglomerados econômicos e das "potências" estrangeiras, utiliza vários expedientes: mensagem subliminar, omissão e distorção das informações, mentiras, semântica, comunicadores "formadores" de opinião, etc...

Outro dia, escrevi um artigo onde denunciava a relação promíscua estabelecida no comando do poder mundial centralizado na ONU.

Com base em dados fornecidos por instituição credenciada em reunir informações sobre a movimentação mundial de armas militares - sipri.org.com - discorri sobre a participação dos países no mercado da morte. Constatei que os cinco membros do Conselho de Insegurança da ONU, EUA, Rússia, Reino Unido, França e China, mais a sempre presente, Alemanha, candidata a sexta cadeira no clube dos horrores, são os maiores fabricantes de armas do mundo.

Obviamente que os confrontos militares não podem ter fim, é uma questão de mercado para esta gente. Assim, os conflitos persistem com justificativas religiosas, territoriais, ideológicas e por aí vai.

Antigamente, se dizia, sem muita certeza, que por trás destes argumentos estava sempre o interesse econômico. Hoje, podemos afirmar que as disputas sempre têm motivação econômica. A indústria bélica, nos países industrializados, responde por fatia significativa do PIB e os gringos odeiam perder dinheiro, logo, a mortandade em terras estrangeiras é um grande negócio e vai continuar.

Ao escrever esta frase, lembrei de uma passagem do livro do Eduardo Galeano, escritor uruguaio, "As Veias Abertas da América Latina", onde um general americano, em depoimento no Congresso, afirma:
"Não sou um general. General comanda um exército em defesa de seu país. Toda vez que entrei em ação, matei e torturei pessoas representando os interesses de empresas americanas em terras estrangeiras. Então, o que sou, é um mercenário!"

O Brasil sabe bem do que estava falando o arrependido mercenário. Aliás, o Cone Sul sentiu na carne a OPERAÇÃO COM DOR, patrocinada pelos americanos e executada pelos covardes carrascos de plantão. O Tio Sam pagou a conta para receber depois com juros, mas quem sujou as mãos de sangue foram os nativos traidores da pátria.

No artigo que referi acima, chamei a ONU de organização criminosa que decide quem vai morrer, quem vai viver e como neste mundo. Ao reler o texto, me pareceu que havia exagerado, forçado a barra, agido por impulso, feito falsa imputação aquela instituição. E isto me incomodava...

Infelizmente, não me incomoda mais. A frase revela a verdadeira face desta organização. O que me causa repulsa, é a presença constante dos predadores de sempre: a França, os EUA e a Espanha, "guardiões da democracia", reincidentes em episódios envolvendo a espoliação de recursos naturais e o genocídio de etnias africanas, sempre com o AVAL DA ONU.

A hiprocrisia européia e a soberba militar dos americanos não oferece limites.

Os EUA administram seus interesses externos com o dólar em uma das mãos e o tacape (taco de golfe) na outra. É no dinheiro ou no pau.

Já os europeus, mais refinados, apregoam uma política pacifista, em defesa dos direitos humanos e da preservação do meio embiente, enquanto seguem na prática histórica de eliminação de seres humanos e agressão à natureza, desde que atendam aos seus interesses. São experts na arte da dissimulação, mesmo diante da quantidade e qualidade de informações disponíveis na INTERNET (ferramenta criada e desenvolvida por êles) desmascarando sua verdadeira conduta predatória.

Neste tabuleiro internacional, cabe a nós brasileiros a postura de papagaios de pirata, repetindo mentiras plantadas nos meios de comunicação, totalmente comprometidos com o grande capital.

Enquanto isto a África agoniza. Grita por socorro e ninguém escuta. A imprensa internacional silencia, omite, mente e é cúmplice do massacre praticado em nome dos negócios.

A exploração dos recursos humanos, a expoliação dos recursos naturais e o genocídio de etnias, assolam a África à muitos anos. Agora, em pleno século XXI, temos uma nova forma de agressão destinada a destruir o continente Africano. A América Latina, Brasil incluído, não estão livres, também são alvo.

Até quando?

No vídeo que segue, a pergunta que não quer calar: quem são os verdadeiros piratas???

http://dotsub.com/view/8446e7d0-e5b4-496a-a6d2-38767e3b520a#.Tqy6_4iYPNl.google

Fonte:Guión y realizacion: Juan Falque
Musica original: Jean Paul Iragorri
Narrador: Iñigo Ortega Martinez
Colaboradores: Detras de la camara. www.detrasdelacamara.com

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

UMA LUTA INVISÍVEL


Uma luta invisível

População do país africano sofre, há mais de três décadas, a opressão da ocupação promovida pelo reino de Marrocos, apoiado por potências estrangeiras

25/06/2009

Igor Ojeda

da Redação

Dos povos oprimidos, a população do Saara Ocidental talvez seja a mais esquecida do planeta. Poucos sabem que esse país do noroeste da África está ocupado desde 1882. Primeiro, pela Espanha. E, a partir de 1975, pelo Marrocos, que aproveitou a saída das tropas coloniais para impor seu domínio sobre o território saarauí, rico em fosfato, pesca e petróleo. Desde então, os saarauís, reunidos politicamente e militarmente na Frente Polisario, lutam contra as forças marroquinas – apoiadas atualmente pela França –, pela realização de um referendo sobre sua independência e, até, contra um muro de 2.500 quilômetros de extensão. Leia, a seguir, trechos da entrevista com Emiliano Gómez López, presidente da Associação Uruguaia de Amizade com a República Árabe Saarauí Democrática (RASD), que visitou por diversas vezes a nação africana.

Brasil de Fato – O que é a Frente Polisario?

Emiliano – O Saara Ocidental, era, até 1975, o Saara Espanhol. Aliás, era uma província da Espanha. Em 10 de maio de 1973, depois de um período de idas e vindas dos nacionalistas saarauís, criou-se a Frente Polisario (Frente de Libertação Popular de Saguía el Hamra e Río de Oro, as duas regiões geográficas do país). É uma frente que reúne as vontades políticas de todos os setores independentistas, que tinham abandonado a possibilidade de uma via pacífica de independência e optaram pela luta política revolucionária armada. A primeira ação militar da Frente Polisario foi em 20 de maio de 1973, data que marcou o nascimento do Exército Popular de Libertação, que hoje constitui as Forças Armadas da República. Essa organização político-militar independentista conseguiu, em dois anos e meio, tomar o controle de praticamente todo o território, estabelecer negociações políticas com o governo colonial, e chegar a um acordo de repartir o território. Tudo parecia estar encaminhado à independência, porque a ONU também a estava pedindo, desde 1963, 1964. Mas aconteceu aí uma desgraça: as mudanças políticas na Espanha, devido à morte de Franco [Francisco Franco, ditador entre 1936 e 1975]. Ele estava morrendo, a incerteza política na Espanha era muito grande, não se sabia o que ia acontecer. Muitos pensavam que poderia estourar de novo uma guerra civil, e isso foi aproveitado pelo rei de Marrocos, Hassan II [exerceu o cargo de 1961 a 1999], que montou aquela encenação da chamada Marcha Verde, quando 350 mil marroquinos armados do Corão, dos retratos do rei e das bandeiras norte-americanas, foram em massa, através do deserto, até a fronteira do Saara Espanhol para tomá-lo, para “recuperá-lo” para o reino. O governo franquista tinha assinado um acordo secreto com Marrocos e Mauritânia, para, em troca de alguns privilégios econômicos, transferir a colônia às mãos da monarquia marroquina e da presidência da Mauritânia. Foram os acordos secretos de Madrid, de 14 de novembro de 1975. Nesse momento, as tropas marroquinas já estavam invadindo militarmente o Saara, a Frente Polisario estava combatendo contra os novos ocupantes, e o exército espanhol ia entregando as posições em combate. Essa era a ordem. Que foi uma verdadeira vergonha para a Espanha.

O senhor disse que o Exército de Marrocos estava recuperando o Saara. Antes tinha o controle?

O Marrocos nunca teve nenhuma soberania sobre o Saara Ocidental. Secularmente, as tribos saarauís tinham uma forma de governo federal próprio. Tinham o chamado Conselho dos 40, que se reunia sempre que havia alguma ameaça estrangeira, para regular as relações entre as tribos. Eram os anciãos. Mas, invocando o suposto direito ancestral, o Marrocos convocou o Tribunal de Haia, para que este emitisse um parecer para ver se efetivamente o Marrocos tinha direitos. O Tribunal, depois de três meses, depois de investigar toda a documentação espanhola, argelina, marroquina, chegou à conclusão de que não havia nenhuma ligação de soberania entre o reino de Marrocos e o Saara Ocidental. Nesse mesmo dia, começou a invasão. A política do fato consumado. E desde então, estão lá.

E qual era o interesse do Marrocos em ocupar o Saara Ocidental? Por que ele queria esse território?

Há vários fatores. A monarquia, profundamente corrupta, tinha a oposição de setores nacionalistas progressistas das Forças Armadas marroquinas. Uma das razões para começar a invasão era jogar o exército lá para o meio do deserto. Quanto mais longe do palácio, melhor. Essa foi uma das razões internas. Outra razão era a de tomar o controle das jazidas de fosfato do Saara Ocidental, uma das maiores e mais ricas do mundo. Nem precisa abrir buraco, é só tirar uma camada de areia. As reservas eram calculadas em 10 bilhões de toneladas. Além disso, no mar territorial do Saara Ocidental tem um dos bancos de pesca mais ricos do mundo. Lá, todo ano pescam uns cinco, seis, oito mil navios. E todos eles pagam direitos para pescar aí. Quanto pagam? Não sei. Talvez 30, 40 mil dólares para poder trabalhar aí o ano inteiro, cada navio. Todo esse dinheiro, que recebia a Espanha, agora vai para os bolsos não do Marrocos, mas do rei do Marrocos.

Qual foi a característica da colonização espanhola? Foi igual ao do resto do continente, de exploração de recursos naturais?

Na realidade, desde que a Espanha começou a ocupação do Saara Ocidental, em 1882, nunca fez nada. Aproveitava a costa saarauí para ter bases para os barcos de pesca. Não tinha outra importância, até que descobriram a presença das jazidas de fosfato. Aí, o governo espanhol fez um investimento muito grande. Todo um complexo minerador que implicava extração, transporte e carregamento dos navios. Tudo aquilo começava a dar lucros para o governo da Espanha, porque era uma companhia do Estado espanhol, mas aí começou a invasão marroquina. As instalações foram construídas para extrair até 10 milhões de toneladas por ano. No primeiro ano, o governo espanhol exportou dois milhões, no segundo ano, cinco milhões, e no terceiro, acabou, porque começou a guerra. Portanto, quem está aproveitando agora é o Marrocos. Aproveitando as próprias instalações espanholas. Eles exploram os minérios e os direitos de pesca.

Exportam para quem?

Para muitos países. No Marrocos, também há jazidas. Só que, claro, quando você tem as principais jazidas do mundo, você se converte em monopolista, e pode impor preços no mercado internacional. Isso é o que está fazendo o Marrocos, pois a companhia que explora é do Estado. Na verdade, não é do Estado, é do rei. O rei é o principal acionista da companhia estatal. Estamos falando diretamente da riqueza do rei.

O senhor disse que os soldados que participaram da invasão marroquina vinham também com bandeira estadunidense.

Foi uma coisa muito esquisita. Quem autorizou o começo da operação, da Marcha Verde, foi Henry Kissinger [ex-secretário de Estado dos EUA]. Tudo isso foi feito em cumplicidade com o governo norte-americano.

Desde então a monarquia marroquina já era aliada dos EUA?

Sim. Os EUA têm interesses estratégicos no Marrocos. Porque é a zona de confluência da 6ª Frota, do Mediterrâneo, e da 2ª Frota, do Norte do Atlântico. Portanto, o Marrocos era uma peça importante no esquema de dominação geoestratégica dos EUA. O Marrocos de um lado, o Egito do outro, e a África do Sul lá no sul. Era o Triângulo das Bermudas.

Então a invasão do Saara Ocidental foi de interesse dos EUA.

Foi tudo cozinhado entre a monarquia marroquina, os EUA e a França. Naquele tempo, neste último, já estava o Valéry Giscard d'Estaing, de direita. A França tem também interesses muito fortes na região.

Quais são?

A França é a ex-potência colonial. Marrocos, Tunísia, Argélia, Mali, Senegal. No meio daquele oceano francófono, está o Saara Ocidental hispanófono. A França foi embora, politicamente, mas economicamente, ficou. O domínio continuou. Esses interesses neocoloniais amarravam os interesses da burguesia, do feudalismo marroquino, com os do imperialismo francês. E estava em jogo aquele prestígio da França. “Aqui mando eu”. Por isso que sempre foi o aliado principal do Marrocos. E é até agora. Além disso, havia os interesses econômicos.

Desde 1975, quando começou a invasão marroquina, como evoluiu a resistência saarauí?

A Espanha vai embora numa operação que culmina em 27 de fevereiro de 1976, dia em que sua bandeira é arriada pela última vez. Nesse mesmo dia, no interior do deserto, a Frente Polisario proclama a República Democrática Saarauí [RASD], para que não houvesse nenhum vácuo jurídico que pudesse ser aproveitado pelos novos ocupantes. Imediatamente, essa república jovem, recém-nascida, já é reconhecida por sete países da África. A primeira tarefa da nova república: salvar a vida da população civil, que estava ameaçada de genocídio pelas tropas marroquinas. Entraram matando, acabando com tudo. Bombardeios de napalm, de fósforo branco. Todos aqueles que puderam, fugiram para o interior do deserto, para os acampamentos da Frente Polisario, procurando proteção. E a aviação marroquina os bombardeava. Teve um acampamento desgraçadamente famoso em Um Draiga que foi bombardeado por três dias seguidos. Mataram 2.500 pessoas. Imagina quantos desapareceram. A verdade é que houve um perigo real de extermínio da população. Então a Frente Polisario fazia um combate ferrenho para impedir o avanço das tropas marroquinas. Ao mesmo tempo, evacuava a população civil rumo à Argélia. O presidente argelino, Houari Boumédiène [1965-1978], abriu a fronteira, e aí foi a salvação da população civil. Hoje, os acampamentos estão no mesmo lugar. É o ponto mais extremo do Deserto de Saara. No inverno, atinge a temperatura de quase 0ºC. No verão, ao meio-dia, 60ºC. Você percorre a região inteira de carro e encontra um arbusto, outro a cinco quilômetros, outro a dez quilômetros. Só isso! O resto é areia, pedra, areia, pedra. No meio do nada, eles montaram os acampamentos para sobreviver. Então, o Exército Saarauí, uma vez que culminou a etapa de resgate da população civil, passou a uma fase de ofensiva. E assim foi de 1976 a 1991. Quinze anos depois, a partir das negociações promovidas pelas Nações Unidas e a OUA [Organização da Unidade Africana], chegou-se a assinar o acordo de cessar-fogo. Na guerra, as Forças Armadas Saarauís não puderam expulsar os marroquinos. Mas estes tampouco puderam acabar com os saarauís. Quando as tropas da ONU entraram, tinha, do lado saarauí, 15 mil combatentes. Do lado marroquino, 165 mil homens, armados pelo melhor armamento da África do Sul, França, Espanha e EUA. Em 1980, o exército marroquino ficou quase encurralado pelos ataques do Exército Popular Saarauí. Aí, com a ajuda diplomática, política e financeira dos EUA, e de Israel, construíram os muros fortificados para evitar os ataques do Exército Popular Saarauí. Começaram a construir um muro em torno da região das jazidas. Depois fizeram outros. Hoje tem um muro que vai do norte até o sul, são mais de 2.500 quilômetros. Tem 150 mil soldados permanentemente deslocados ao longo do muro, que está precedido por campos minados, por campos de arames farpados. Eles têm sistemas de radares que detectam os movimentos de uma pessoa a 10 quilômetros de distância. A cada cinco quilômetros, há uma posição de infantaria. A cada dez quilômetros, uma posição de artilharia pesada. Detrás do muro, estão as bases dos blindados. E, por cima de tudo isso, há a aviação, continuamente patrulhando. Estima-se que isso está custando ao Estado de Marrocos, em média, 4 ou 5 milhões de dólares por dia.

Provavelmente, com a ajuda financeira dos EUA, França...

Logicamente. E mais: os saarauís falam “por que o Marrocos é subdesenvolvido?”. Precisamente porque o dinheiro que podiam empregar no seu desenvolvimento estão empregando em gastos militares. Então, aquela divisão do deserto pelo muro, paras os saarauís, foi um choque, o deserto parecia livre, mas, de repente... uma muralha. As negociações procurando um acordo político deram como resultado o cessar-fogo que entrou em vigor em setembro de 1991. Com uma condição fundamental: que, em poucos meses, fosse realizado um plebiscito para que a população saarauí pudesse manifestar sua vontade a respeito de seu futuro político, sem pressões de nenhum tipo, livremente, tudo isso controlado pelas Nações Unidas. Escolher entre ser livres, independentes, ou ser parte do reino de Marrocos. Acontece que desde então, o reino de Marrocos tem se dedicado a sabotar, a por empecilhos diversos, para impedir a realização do referendo. Hoje já falam: “referendo não, isso é nosso, não tem discussão. Poderemos dar no máximo, uma autonomia”. Como se fosse uma província autônoma, mas sob a soberania do Marrocos. Já nem aceitam o referendo. Os saarauís dizem que aquele acordo que propiciou o fim da guerra tem sido violentado, e que, portanto, a guerra pode voltar. Essa é a situação hoje.

Esse conflito se deu na época da Guerra Fria. Houve um apoio, para a Frente Polisario, por parte da União Soviética, de Cuba etc?

Da União Soviética nunca. De Cuba sim. Desde o início da proclamação da República, Cuba apoiou de uma forma só: admitindo, no seu território, estudantes saarauís. Hoje, já passaram, por Cuba, milhares de saarauís. São médicos, engenheiros. São chamados de “cubaarauís”.

Por que o senhor acha que a União Soviética não interviu?

Na minha opinião, porque tinha um bom comércio com o Marrocos. Eram pragmáticos. Nunca deram nada, nem um pedaço de pão. Nem sequer o reconhecimento político. Os únicos países da Europa que reconheceram politicamente e diplomaticamente a República Saarauí foram a Iugoslávia, que não existe mais, e a Albânia, que mudou totalmente. Só. Mas do resto do bloco socialista europeu, nenhum deles. A ajuda militar veio da Argélia e, fundamentalmente, depois, havia os armamentos que eram pegos dos marroquinos. Nos acampamentos, há um museu militar, uma pequena mostra do que os saarauís capturaram. Tanques sul-africanos, norte-americanos, canhões auto-propulsados franceses, caminhões franco-germanos, metralhadoras, armamentos ligeiros e morteiros espanhóis.

Nesses acordos de 1991, além da realização do referendo, quais eram as bases dele?

O referendo era o principal. Primeiro, entrariam os cascos azuis e uma força multinacional de polícia, para preparar o terreno para a realização do referendo. Outro ponto era o transporte, por parte da ONU, dos refugiados para o território saarauí. Três meses após os acordos, iriam realizar o referendo. Ou seja, iria ser em janeiro de 1992.

E por que não foi realizado?

Nesses mesmos dias, o rei Hassan II falou: “espera aí, eu tenho aqui uma lista de saarauís que não estão contemplados no censo espanhol”. Porque a base do padrão eleitoral seria o censo espanhol, que contava 74 mil saarauís. O rei tirou uma lista de 120 mil. Imagina, numa população com 74 mil eleitores, e você põe 120 mil a mais. Eram os saarauís nascidos em Marrocos, que teriam direito a votar também. A Frente Polisario nunca aceitou. Nem a ONU. Ninguém aceitou. Mas, com isso, o rei bloqueou o referendo. Então, tiveram que fazer uma depuração e chegaram à conclusão que só 10 mil tinham direito. Aí, o Marrocos não aceitou. Então, inventaram outra coisa. E assim foi passando o tempo. Por que o Marrocos faz isso? Porque tem o respaldo da França. E a França tem veto no Conselho de Segurança da ONU.

Qual a população do Saara Ocidental hoje?



Aproximadamente 300 mil pessoas. Entre os que estão nos acampamentos, nos territórios ocupados, e os dispersos pelo mundo. Nos acampamentos, são 180 mil. Nos territórios ocupados, uns 90 mil. Só que os marroquinos enfiaram colonos... a mesma política de Israel. Além dos 165 mil soldados, tem todo o aparelho de administração colonial. E além disso, enfiaram 120 mil colonos. Ou seja, hoje a população saarauí é minoria dentro dos territórios ocupados. Então, a impaciência chega, e, por não poderem, por enquanto, optar pela via armada, começaram, em 2005, uma rebelião pacífica, a Intifada Saarauí. Nos acampamentos, estão desejando começar a guerra de novo.

Esse foi um movimento espontâneo ou foi impulsionado pela Frente Polisario?

Foi uma mistura. Começou em maio de 2005. Até hoje, não tem parado em nenhum momento. São quatro anos de rebelião pacífica. Por enquanto, os saarauís não deram nem um tiro. No máximo, são pedras. Mas a repressão é muito grande. Neste momento, tem presos políticos em greve de fome há 30, 40 dias. Reclamando melhores condições na prisão. Mas, desde maio de 2005, desapareceram 15, e morreram quatro ou cinco. E milhares passaram pela prisão e pela tortura. Espancados nas ruas, também milhares. Homens e mulheres. Continuamente. O presidente saarauí está pedindo para a ONU para que esta cuide dos direitos humanos da população que está nos territórios ocupados. O tema foi levado ao Conselho de Segurança este ano, e foi até defendido pelo embaixador norte-americano. Pela primeira vez. Quem ficou sozinha foi a França. Ficou em evidência perante o mundo inteiro que só eles não permitem que a ONU cuide dos direitos humanos da população saarauí. Mas, pela primeira vez, o governo norte-americano assume uma posição diferente da de anteriores governos. Então, estamos numa fase promissora, porque, por um lado, a Intifada continua. Por outro lado, a Anistia Internacional, a Human Rights Watch, o Parlamento Europeu, têm emitido relatórios denunciando a violação permanente dos direitos humanos e pedindo à ONU que tomem conta disso. Por outro lado, o lobby pró-Saara Ocidental tem um peso que antes não tinha sobre o governo norte-americano. Antes, só os marroquinos, sobretudo com o Bush. O que está pedindo o governo saarauí? Uma coisa só: vamos fazer o referendo. Por que eles não fazem? Têm medo, porque a população saarauí quer ser independente. E tem uma coisa interessante. Os protagonistas da Intifada são os jovens saarauís. Mas os jovens que já nasceram nos territórios ocupados. Coisa que o Marrocos não conseguiu ganhar, sequer ideologicamente, foi a juventude. E mais: há filhos de colonos marroquinos que, por terem nascido no Sarra Ocidental, se sentem saarauís. Essa é uma derrota política muito forte para a monarquia. Ela se mantém somente na base da ocupação das Forças Armadas e do aparelho de repressão.

O senhor falou de governo saarauí. Foi o governo instituído pela Frente Polisario, não é?

O governo saarauí por enquanto é de partido único, o partido da Frente Polisario. Mas esse partido tem uma existência condicionada à independência. O dia em que a República for totalmente soberana, que tiver o domínio sobre todo o território, automaticamente a Frente Polisario fica dissolvida e daí nascerão x partidos. É um acordo das forças políticas saarauís de combater todos juntos sob uma só bandeira, a da independência. São por definição, religiosos. Sunitas. Mas bastante liberais. É uma República comum e corrente, tem Poder Executivo, Legislativo e Judiciário.

Que não são reconhecidos internacionalmente.

Hoje, a República Saarauí é reconhecida por 82 países. Em toda a América Latina, só faltam três países para darem seu reconhecimento: Brasil, Argentina e Chile. O primeiro foi o Panamá, em 1978. Tem embaixada em Havana, Caracas, Cidade do México e Cidade do Panamá.

Como é a população saarauí hoje? Do que ela vive, quais suas características etc?



A população saarauí que está há 33 anos nos acampamentos no sul da Argélia sobrevive graças a duas coisas. A sua determinação de sobreviver, e à solidariedade internacional. Dos organismos humanitários, da União Europeia, toda ajuda do governo argelino, e muita ajuda do povo espanhol. Porque embora o Executivo esteja totalmente a favor do Marrocos, a população espanhola está com os saarauís. No nível municipal, autonômico, estão com os saarauís. Concretamente, o Zapatero [José Luis, presidente da Espanha] e o chanceler Moratinos [Miguel Ángel] têm se inclinado a favor da monarquia marroquina. Têm até dado de presente armamento.

Por quê?

Eu gostaria de saber. Deve ter interesses econômicos muito fortes de empresas espanholas no Marrocos para a exploração de diversos setores, turismo, minérios... interesses da monarquia espanhola... e deve ter alguns interesses pessoais de alguns políticos espanhóis, quem sabe o que.

Como é a economia do Saara Ocidental?

Lá nos acampamentos tem manufaturas artesanais, algumas hortas, uma agricultura muito precária. Imagine, no meio do deserto.

E a população dos territórios ocupados, como vivem?

Sobrevivem, não sei como, porque são discriminados. Eles trabalham nas coisas que foi pondo lá a indústria extratora das jazidas de fosfato, trabalham na pesca, mas sempre são de quinta categoria. Se têm algum problema, são demitidos imediatamente.

No Saara Ocidental, nessa região, existem empresas francesas, espanholas, estadunidenses...

De todos os lugares. Porque, para piorar, há quatro, cinco anos, descobriram que tem petróleo e gás natural. Há uma campanha mundial das organizações progressistas para impedir a exploração dos recursos naturais saarauís. Já obrigaram empresas norueguesas, australianas a se retirarem, sob argumentos éticos. Na realidade, segundo o direito internacional, ninguém pode tirar, porque é um território ocupado. Mas tem empresas espanholas, que exploram a pesca...

Que negociam diretamente com o Marrocos.

Claro. E tem outras nacionalidades, explorando minérios, pesca. E agora, querem morder o petróleo também. Voltando, a Frente Polisario falou: “se nós fizermos o referendo, vamos ganhar. E se ganharmos, os colonos marroquinos podem ficar. Não vão ser nem expulsos, nem discriminados”. E eles cumprem. Os saarauís são muito direitos nesse sentido. Eles têm um sentido de hospitalidade impressionante. Claro, é cultural do deserto. É a garantia de sobrevivência.

Tem alguma coisa que o senhor gostaria de acrescentar?

A importância que hoje teria um reconhecimento por parte do Brasil. O peso internacional é grande. No fim das contas, estamos falando de um governo de esquerda. Um governo de esquerda deve ter determinados princípios que guiem sua atuação internacional. Já são 28 países na América Latina que reconhecem o Saara Ocidental. O Brasil fala que tem uma política de neutralidade, mas não é verdade. Porque quando você tem um forte que agride e uma vítima que é agredida, e você tem relações com o forte, e não tem com a vítima, então isso não é neutralidade. O Brasil tem embaixada marroquina em Brasília. Por que não tem a embaixada saarauí? Um dirigente de esquerda não pode ser neutro. Você tem que estar sempre do lado da vítima da injustiça. Eu acho que um governo de esquerda no Brasil deveria adotar medidas similares. Não estaria fazendo nenhum ato vanguardista. Mas seria muito importante. Porque quanto mais pesar na balança internacional o reconhecimento a favor da República Saarauí, menos probabilidades haverá de estourar novamente uma guerra. Mas se o povo saarauí for condenado a não ter outra saída que não seja a guerra, vai correr sangue de novo.

Fonte: www.brasildefato.com.br

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

John Stuart Mill


"Que a humanidade não seja infalível, que suas verdades, em sua maioria, sejam apenas meias-verdade, que não é desejável a unidade de opinião, salvo quando resultante da mais completa e livre comparação entre opiniões opostas, e que a diversidade não representará um mal, mas um bem, até os homens serem mais capazes do que hoje de reconhecer todos os lados da questão, constituem princípios aplicáveis aos modos de ação do homem, não menos que às suas opiniões.” John Stuart Mill(Londres, 20 de Maio de 1806 — Avinhão, 8 de Maio de 1873)Filósofo e economista inglês, e um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX.

A DESOBEDIÊNCIA CIVIL


"Sob um governo que prende qualquer homem injustamente, o único lugar digno para um homem justo é também a prisão. Hoje em dia, o lugar próprio, o único lugar que Massachusetts reserva para os seus habitantes mais livres e menos desalentados são as suas prisões, nas quais serão confinados e tranca­dos longe do Estado, por um ato do próprio Estado pois os que vão para a prisão já antes tinham se confinado nos seus princípios. E aí que devem ser encontrados quando forem procurados pelos escravos fugidos, pelo prisioneiro mexicano em liberdade condicional e pelos indígenas, para ouvir as denúncias sobre as humilhações impostas aos seus povos; é aí, nesse chão discriminado, mas tão mais livre e honroso, onde o Estado planta os que não estão com ele mas sim contra ele - a única casa num Estado-senzala na qual um homem livre pode perseverar com honra." THOREAU, HENRY DAVID. A DESOBEDIÊNCIA CIVIL. 1848

AMSE CONDENA ATAQUES CONTRA CIVILES SAHARAUIS


La Asociación de Mujeres Saharauis en España (AMSE) expresa su más enérgica condena a la represión desatada éste lunes, 10 de Octubre, por el ejército de ocupación marroquí contra civiles saharauis en la ciudad ocupada de el-Aaún, quienes trataban de llevar a cabo una manifestación pacífica para conmemorar el primer aniversario de la instalación del Campamento de la Dignidad en Gdeim Izik , situado a menos de una veintena de kilómetros de la capital ocupada del Sáhara Occidental, el cual según muchos analistas internacionales representa el germen de la llamada "Primavera Árabe", entre ellos destacamos al filósofo y escritor norteamericano, Noam Chomsky.
Las Mujeres Saharauis manifestamos nuestra profunda preocupación por el continuo deterioro del respeto a los derechos humanos en las ciudades saharauis ocupadas por el ejército de Marruecos, el cual no solamente reprime salvajemente a la población civil saharaui sino también les impide ejercer su legítimo derecho a la libre expresión.

Cabe señalar que la feroz intervención llevada a cabo por el ejército marroquí y las fuerzas auxiliares ha sido calificada de brutal, según testigos oculares, que se han puesto en contacto con AMSE para informarle de lo acaecido.
Un ejemplo de la violencia ejercida por las fuerzas marroquíes es el caso de una mujer saharaui que fue apresada mientras huía por calle Mezuar. Tras ser retenida por la policía marroquí, esta, empezó a golpearla fuertemente bajo presencia de toda persona que se encontraba cerca.
Esta mujer, que ha sido fuertemente agredida, es la mujer de Bahía Nowf, uno de los jefes de las tribus saharauis.
Otro ejemplo es el de la activista de DDHH Sultana Jaya, que también ha sido agredida sufriendo lesiones en su ojo sano, el izquierdo. Su otro ojo lo perdió bajo las torturas de la policía marroquí hace ya varios años.
Las Mujeres Saharauis aprovechamos ésta ocasión para lanzar un llamamiento urgente a los países y pueblos amantes de la justicia y de la paz a ejercer presión sobre el Reino de Marruecos a respetar las resoluciones internacionales sobre el Sáhara Occidental y a respetar escrupulosamente los derechos humanos.

Fonte: http://mujeresaharauis.blogspot.com

domingo, 2 de outubro de 2011

ENTREGA DE CRÂNIOS DE GENOCÍDIO NA NAMÍBIA GERA ATRITOS NA ALEMANHA

Entrega de crânios de genocídio na Namíbia gera atritos na Alemanha


01/10/2011 - 09h00

O ato de entregar à Namíbia 20 crânios de vítimas de um genocídio realizado pelo império alemão durante a guerra colonial no país despertou em Berlim indignação por parte da delegação namibiana diante da ausência de ministros alemães, informou neste sábado a imprensa local.

A delegação que chegou à Alemanha na segunda-feira retornará à Namíbia no próximo dia 3. Ela está liderada pelo titular da Juventude, do Esporte e da Cultura, Kazenambo Kazenambo, e integrada por outros ministros e membros do Executivo, assim como representantes das etnias herero e nama.


Na cerimônia de entrega dos crânios, o governo alemão esteve representado pela secretária de Estado do Ministério de Assuntos Exteriores, Cornelia Pieper, constantemente interrompida durante seu discurso pela delegação africana.

Segundo ela, a Alemanha "reconhece o duro legado histórico e a consequente responsabilidade moral e histórica" do genocídio ocorrido. Pieper pediu, "em nome do governo", reconciliação com o povo namibiano, enquanto alguns dos convidados africanos exigiam desculpas e compensações, de acordo com o veículo "Die Tageszeitung".

A delegação namibiana disse se sentir ignorada pelo governo alemão, e discutia a possibilidade de interromper sua visita e regressar, o que não ocorreu, segundo o jornal, porque alguns membros se recusaram a partir sem os crânios.

Os 20 crânios chegaram há mais de cem anos em Berlim para que cientistas alemães os usassem em pesquisas. O genocídio, realizado pelas forças coloniais entre 1904 e 1907 na então chamada África Alemã do Sudoeste --hoje Namíbia--, é considerado um precedente de outras limpezas étnicas.

Fonte: www1.folha.uol.com.br

Diante de um fato histórico de tamanha envergadura e relevância, decidi aprofundar o assunto e cheguei ao blog cnncba.blogspot.com, onde me deparei com este artigo escrito pelo Téologo e Historiador senhor Walter Passos, com uma abordagem que revela conhecimento, pesquisa e humanismo.


O GENOCÍDIO ESQUECIDO – A REVOLTA DOS HEREROS E NAMA NA NAMÍBIA

Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrado e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br



O POVO HERERO

Provenientes da migração dos bantos da região oriental da África, o povo Herero instalou-se na Namíbia entre os séculos XVII e XVIII. Atualmente tem sua população estimada em 240 mil pessoas vivendo na Namíbia, Botsuana e Angola. O Ovaherero engloba vários subgrupos, incluindo o Ovahimba, o Ovatjimba o Ovambanderu e os vaKwandu, grupos em Angola incluem o vaKuvale, vaZemba, Hakawona, Tjavikwa e Tjimba (herero pobres) e Himba que regularmente atravessam fronteira da Namíbia com Angola quando migram com os seus rebanhos.
Durante o período colonial, os europeus tentaram defini-los como grupos étnicos distintos, mas as pessoas consideram-se todos Ovaherero. Apesar de divididos em diversos subgrupos, possuem o mesmo idioma herero, além de português em angola, inglês em Botsuana e inglês e africâner na Namíbia. Também, os antropólogos brancos a serviço do colonizador-racista tentaram dividi-los em seus estudos de antropologia dizendo que são de origens diferentes. Hábito dos brancos em dividir para governar ou exterminar.



O POVO NAMA OU NAMAQUA

Nama (em fontes mais antigas também chamados Namaqua) é um grupo étnico da África do Sul, Namíbia e Botsuana. Eles falam a língua Nama do Khoe-Kwadi (Khoisan central). Os Namas são o maior grupo de pessoas Khoikhoi, a maioria deles já desapareceram em grande parte como um grupo, exceto os Namas. Muitos vivem em Namaqualand.


Após a Conferência de Berlim, a Alemanha invadiu o continente africano e além de outras regiões anexou à Namíbia, enviando para a África invasores (colonos ou descobridores – denominações usadas pela historiografia branca) que pilharam as terras e riquezas da população nativa. Difundido a supremacia branca e comparando o povo herero a babuínos.



Os homens eram constantemente espancados até a morte e as mulheres vítimas de estupro e escravizadas sexuais dos colonos e soldados alemães.
Como conseqüência dessas violações em 12 de janeiro de 1904 o povo Herero resolveu resistir ao invasor-colonizador - racista alemão, liderados por Samuel Maharero. Conforme os historiadores essa guerra de libertação teve como conseqüência o primeiro genocídio do século do XX, impetrado pelo império alemão contra homens, mulheres e crianças originais: as populações Herero e Nama, habitantes na Namíbia.

Samuel Maharero

Líder guerreiro e chefe do povo Herero, ainda criança foi catequizado e freqüentou escolas luteranas que o viam como um futuro pastor. Rebelou-se contra os invasores alemães, enfrentou as famigeradas tropas colonialistas. Teve que exilar-se em Botsuana onde continuou líder dos exilados herero vindo a falecer em 1923. É relembrando na Namíbia como herói no dia 26 de janeiro no dia dos hereros.


Hendrik Witbooi

Hendrik Witbooi tem o seu rosto estampado nas notas bancárias na Namíbia. Para seus seguidores ele era conhecido por seu nome de
Nama Khaob! Nanseb/Gabemab, que significa 'O capitão, que desaparece na grama”, uma referência à sua famosa habilidade como uma lutador de guerrilha. Nasceu em 1830 em uma família de líderes.
Hendrik Witbooi era um homem religioso. Mais tarde, durante a guerra com os alemães, em 1904-1905, Witbooi voltou ao seu povo com a convicção de Deus havia de guiá-los para lutar por sua liberdade contra os imperialistas.
Em Outubro de 1904, dez meses após a herero tinha lançado em escala completa guerra contra os alemães, Hendrik Witbooi levou Namaland contra os alemães. Na idade de 80 anos, ele lutou com os seus soldados até que morreu no campo de batalha decorrente de uma ferida na coxa, em 28 de outubro de 1905 perto de Vaalgras.




Cédula com a foto de Hendrik Witbooi


GENOCÍDIO PRATICADO PELOS ALEMÃES

Kaiser Wilhelm II

Com a mobilização do povo herero o kaiser Wilhelm II, enviou 14.00 mil soldados sob o comando do Tenente-General Lothar von Trotha, conhecido pela brutalidade ao participar da revolta boxer na China e a violenta repressão aos povos pretos que ofereceram resistência ocupação alemã da África Oriental (Ruanda, Burundi e Tanzânia). Ao chegar à Namíbia disse a sua finalidade:
- "Eu acredito que a tribo herero como tal deve ser exterminada."
E escreveu:- "O exercício da violência e do terrorismo é a minha política. Eu vou destruir as tribos Africanas com fluxos de sangue e de dinheiro. Só após essa limpeza pode surgir algo novo, que permanecerá.”
E em um comunicado ao povo Herero diz:
"Todos os herero devem deixar a terra. Se recusarem, então eu vou obrigá-los a fazê-lo com as grandes armas. Qualquer herero encontrado dentro de fronteiras alemãs, com ou sem uma arma, vai ser abatido. Não serão tomados prisioneiros. Essa é a minha decisão.”
Inspirador e executor do massacre dos hereros na Namíbia o general Lothar Von Trotha seguiu um plano elaborado na Conferência de Berlim de 1885, onde os Hereros e Namas foram eliminados sistematicamente, já que o objetivo era apoderar-se de suas terras; para isso estabeleceram um campo de concentração, trabalhos forçados e execuções em massa.
Em contraste, uma carta do chefe herero Samuel Maharero ao seu povo logo após a eclosão da guerra estabelece que os ingleses, Boers, missionários e pessoas de outras tribos não viriam a ser prejudicados. A história tem demonstrado que ambas as instruções foram diligentemente realizadas.
Em uma batalha decisiva no Hamakari, perto Waterberg, em 11 de Agosto de 1904, as tropas de Von Trotha cercaram a nação herero em três lados e estes foram brutalmente derrotados. Em uma jogada cínica, ele deixou o caminho aberto apenas para a área do deserto do Kalahari.. O plano de batalha era que as pessoas que escaparam das balas do exército Alemão deveriam morrer de sede. Poços de 150 milhas (240 km) ao redor do deserto ou eram patrulhados ou envenenados, e aqueles hereros que vieram rastejando para fora do deserto, desesperados por água, foram mortos a baioneta. Isto deixou os hereros com uma única opção: atravessar o deserto dentro de Botsuana, na realidade, marchar para a morte. Esta é, na verdade, como a maioria dos hereros foram exterminados.

Hereros no deserto famintos e sedentos após as tropas alemãs envenenarem os poços de água.

Devido a escassez de trabalho na colônia, o extermínio da campanha de Von Trotha foi finalmente parado por Berlim, e os hereros sobreviventes foram postas em concentração campos. Colocados a trabalho escravo, sobrecarregados, com fome, e expostos a doenças como a febre tifóide e a varíola, a maioria dos homens herero pereceu nestes campos e as mulheres foram transformadas em escravas sexuais.
O resultado desta política foi que, a partir de 1904 para 1908, foram reduzidas da nação herero de 80000 a 15000 pessoas famintas e refugiados em sua própria terra.

Guerreiros herero capturados por tropas alemãs

Após a guerra, todos os herero de idade superior a sete anos eram obrigados a vestir um disco metálico em torno de seus pescoços com seu número de registro, designando-os como mão-de-obra disponível.

O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO NA ILHA SHARK



A ilha de Shark foi o local usado de 1904 a 1907 que confinou membros das tribos Herero e Nama. Ao longo dos três anos foi o acampamento onde 3000 pessoas encontraram a morte. Para todos os efeitos, considera-se um acampamento de morte, tal como o seu único propósito era o de exterminar pessoas herero Namaka.
O trabalho forçado do acampamento foi utilizado para construir Lüderitz locais e vias férreas. Outros campos existiam em todo lugar invadido pela Alemanha, incluindo locais como Swakopmund, Windhoek e Okahandja.

Campo de Concentração na Ilha Shark


EXPERIÊNCIAS GENÉTICAS

Foi no campo de Concentração da Ilha de Shark que Eugen Fischer fez suas primeiras experiências "médicas" sobre raça, genética e eugenia, utilizando como cobaias tanto herero como os mestiços descendentes dos estupros das mulheres herero. Sob sua supervisão, foram preservados corpos e cabeça de hereros que tinham sido enforcados e foram enviados à Alemanha para dissecção.
Fischer tornou-se diretor do Instituto Kaiser Wilhelm de Antropologia, Hereditariedade Humana e Eugenia. Foi co-autor do livro - Os Princípios da Hereditariedade, Raça e Higiene - que se tornou o livro padrão sobre o assunto na Alemanha.
Hitler nomeou Fischer como reitor da Universidade de Berlim, em 1933, onde lecionou medicina para médicos nazistas. Fischer é por vezes referido como o pai da moderna genética. Este homem foi um grande defensor do aborto e da esterilização dos não-brancos.

Foto de Eugen Fischer - Observe a foto de mulheres pretas nos seus estudos eugênicos.

“EU TAMBÉM VIAJO PARA O CÉU EM UMA CARROÇA."

Em seu livro Heróis Herero, Jan-Bart Gewald descreve a morte de um dos líderes cristãos herero, testemunhado por um missionário alemão Friedrich Meier:
“Fraco de doença e de maus tratos, Kukuri foi transportado para a sua execução nas costas de um carro de boi. Ele não mostrou o menor vestígio de medo, mas, em vez disso olhou como se estivesse indo para um casamento! Em uma etapa da viagem, disse ao “Pastor” Meier: como Elias, também eu vou viajar para o céu em um vagão.
Quando eles chegaram o local ainda estava sendo preparado. Meier temia pela tranqüilidade de Kukuri e pediu que parasse de olhar para a forca. Ele respondeu:
- Por que não devo olhar para ela? Não é “a minha madeira" (a minha cruz)?
Os dois oraram e juntos cantaram um belo hino: Então tome minha mão e leva-me. Então Kukuri disse:
- Parece que você ainda teme que eu tenha medo, mas quando um pai chama seu filho, o filho tem medo de ir para ele? Dê a minha esposa, que está em Okahandja, a minha saudação e diga a ela que eu já morri na fé do Senhor Jesus Cristo, assim também diga aos meus filhos, pois você deve sempre vê-los.
Em seguida, disse:
- Senhor Jesus, me ajude.
Kukuri subiu a escada e a corda foi colocada em volta do seu pescoço. Como ele estava caindo, o nó escorregou, de forma que ele caiu no chão, inconsciente. Dois soldados o levantaram e, seguindo ordens, e realizaram disparos de arma de fogo, matando-o. Assim entrou Kukuri na presença do Senhor.
Ainda hoje Hereros são membros da Igreja Luterana, defendendo esta ideologia, e comungando com os brancos que assassinaram seu povo na chamada “Guerra de Pacificação da Namíbia”.

" Irmãs" Luteranas na Namíbia.


Em Windhoek, a Christuskirche e o Reiterdenkmal, monumento que homenageia os soldados alemães que morreram na “pacificação” da Namíbia ao fundo uma igreja luterana.


CONCLUSÃO

A Alemanha compensou os Askenazis (descendentes dos kazars) que se dizem judeus após a 2ª guerra mundial em milhões de dólares e apoiou o mundo branco ocidental cedendo terras no Oriente Médio, para a criação do estado de Israel. Mas, até hoje o brutal genocídio dos povos Herero e Nama não foram compensados, os seus descendentes que perderam terras, gados, e potenciais recursos minerais que estão nas mãos dos descendentes de alemães, não receberam das autoridades alemãs nenhum pedido de desculpas e reparação. Apesar dos protestos e mobilizações das minorias étnicas Herero e Nama.
O povo preto não pode esquecer dos 105 anos da resistência dos Herero e Nama! E também do Genocídio impetrado pelos Alemães.
Viva a memória de Hendrick Vitbooi, Samuel Maharero, e dos 65.000 mil hereros (70% da população) e 10.000 Namas (50% da população) que foram dizimados pelas forças genocidas da Alemanha.
Genocide and the second Reich 7: Shark Island.



Fonte:cnncba.blogspot.com/2009/01/o-genocdio-esquecido-revolta-dos.html